Da Reda\u00e7\u00e3o<\/em><\/p>\n

Seria um cruzeiro inesquec\u00edvel a bordo do MSC Splendida para a empres\u00e1ria e jornalista Vanessa Rajomes e familiares. O cunhado ficou tr\u00eas meses internado com c\u00e2ncer de intestino, viu a morte de perto e se recuperou. Mesmo com medo de navio e avi\u00e3o, ele aceitou. Ela teria muito trabalho, mas deu um jeito para esta viagem em fam\u00edlia.<\/p>\n

Tudo isso acabou sendo inesquec\u00edvel por outra raz\u00e3o. Mais de 2.400 passageiros foram impedidos de embarcar neste domingo (2), dentre eles Vanessa e a fam\u00edlia, devido ao reconhecimento pelas autoridades locais de sa\u00fade e pela Anvisa, da exist\u00eancia de transmiss\u00e3o sustentada de Covid-19 entre tripulantes.<\/p>\n

A embarca\u00e7\u00e3o havia sido notificada no s\u00e1bado (1) sobre o impedimento de embarque e ratificou isso no domingo, solicitando que a MSC avisasse os passageiros. A carta, inclusive, foi disponibilizada no site do \u00f3rg\u00e3o. O MSC Splendida havia voltado antes da hora para o Porto de Santos exatamente pelo detec\u00e7\u00e3o do surto da doen\u00e7a. O cen\u00e1rio epidemiol\u00f3gico foi alterado para n\u00edvel 4 no domingo (2), o que implica quarentena para a embarca\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

A empresa havia enviado e-mail um dia antes do embarque, segundo Vanessa, anunciando que haveria escalonamento para n\u00e3o haver aglomera\u00e7\u00e3o dentro do terminal do Concais. De uma em uma hora, grupos chegavam para fazer a testagem e, posteriormente, iam para suas \u00e1reas.<\/p>\n

“Quando n\u00f3s chegamos, foi super tranquilo. Fomos super bem recepcionados pelos colaboradores do Concais, rapidamente direcionados para o setor de bagagem, despachamos as bagagens e fomos para o setor de teste de Covid. Todas as fam\u00edlias estavam sendo separadas por cabines, com bancos separados. Tinham muitos colaboradores da MSC. A cada fam\u00edlia que sa\u00eda, vinha um funcion\u00e1rio com \u00e1lcool para desinfetar as malas e os bancos. O exame foi r\u00e1pido. Fizemos os testes de nariz e, em menos de meia hora, estavam saindo os resultados. Quem testava negativo, recebia um selo por regi\u00f5es dentro do navio e j\u00e1 estava sendo direcionados para as suas \u00e1reas”, detalha Vanessa.<\/p>\n

O problema, lembra a empres\u00e1ria e jornalista, \u00e9 que a Anvisa bloqueou a entrada no navio. “Ent\u00e3o a MSC dizia que a Anvisa estava vendo junto ao Minist\u00e9rio da Sa\u00fade e que estava em an\u00e1lise. Toda hora falavam isso e a MSC n\u00e3o dava um posicionamento porque n\u00e3o tinha. S\u00f3 avisavam para que as pessoas que fossem chegando tinham de ir para o teste de Covid”, explica.<\/p>\n

Vanessa conta que o ambiente estava tranquilo, com as pessoas de bom humor e comendo, enquanto as crian\u00e7as brincavam. Algumas at\u00e9 dormiram no banco, como a empres\u00e1ria, outras ficaram no ch\u00e3o pela falta de espa\u00e7o no local. No entanto, o tempo foi passando – das 13 \u00e0s 18 horas. “Chegou um momento em que come\u00e7ou a acabar a comida dos pr\u00f3prios restaurantes l\u00e1 de dentro. A MSC providenciou \u00e1gua \u00e0 vontade e kits de lanche para todos, dando o suporte que ela podia. S\u00f3 que a empresa n\u00e3o podia liberar a entrada das pessoas na embarca\u00e7\u00e3o enquanto a Anvisa n\u00e3o o fizesse”, detalha.<\/p>\n

A ang\u00fastia de todos aumentava porque n\u00e3o vinha uma decis\u00e3o definitiva por parte a Anvisa, que tinha integrantes reunidso em uma outra \u00e1rea. A entrada de uma equipe de reportagem no sagu\u00e3o do Concais ati\u00e7ou alguns passageiros contra o \u00f3rg\u00e3o governamental. Eram pessoas do Brasil inteiro. Os jornalistas acabaram retirados do local por elementos da Anvisa, de acordo com Vanessa. Pouco menos de 10 minutos depois, o veto foi anunciado, causando sil\u00eancio geral no terminal e muito choro das crian\u00e7as.<\/p>\n

“Est\u00e1vamos todos testados. Houve teste em massa. N\u00e3o um a cada quatro passageiros, como chegamos a ouvir. Fiz duas vezes: uma \u00e0s 7 horas e outra \u00e0s 13 horas. Todos estavam negativados para a Covid. As pessoas estavam tranquilas, mas nessa hora n\u00e3o. Depois veio a Pol\u00edcia para fazer a seguran\u00e7a dos funcion\u00e1rios da Anvisa e do Concais porque eles ficaram com medo que os passageiros se rebelassem e fazerem algum tipo de repres\u00e1lia, mas isso n\u00e3o aconteceu. Os passageiros foram super educados, se direcionaram para o lado de fora e foram pegar suas bagagens. Em menos de meia hora, as bagagens foram retiradas. Cada um pegou a sua e as pessoas foram embora. Ningu\u00e9m fez au\u00ea nem bagun\u00e7a nenhuma”, conta a empres\u00e1ria.<\/p>\n

Aumento vertiginoso<\/em><\/p>\n

Os dados referentes ao cen\u00e1rio epidemiol\u00f3gico a bordo das embarca\u00e7\u00f5es de navios de cruzeiro que operam na costa brasileira durante a temporada 2021-2022 refor\u00e7am a Nota t\u00e9cnica da Anvisa, expedida na \u00faltima sexta-feira (31), que recomendou ao Minist\u00e9rio da Sa\u00fade a suspens\u00e3o provis\u00f3ria imediata da temporada de navios de cruzeiro no Brasil.<\/p>\n

Desde o in\u00edcio da temporada, em 1 de novembro, at\u00e9 esta segunda-feira (3), foram confirmados 829 casos de Covid-19 entre tripulantes e passageiros das cinco embarca\u00e7\u00f5es que operam no Brasil.<\/p>\n

Chama a aten\u00e7\u00e3o a identifica\u00e7\u00e3o de 502 casos entre tripulantes, o que representa 60% dos casos positivos a bordo das embarca\u00e7\u00f5es. Por se tratar de viajantes com maior per\u00edodo de perman\u00eancia nas embarca\u00e7\u00f5es, a ocorr\u00eancia de infec\u00e7\u00e3o entre a tripula\u00e7\u00e3o agrega maior grau de risco \u00e0 condi\u00e7\u00e3o sanit\u00e1ria desses navios.<\/p>\n

A recomenda\u00e7\u00e3o da Ag\u00eancia teve como fundamento o aumento vertiginoso dos casos de Covid-19 a bordo das embarca\u00e7\u00f5es nos \u00faltimos dias, que indica uma mudan\u00e7a radical do cen\u00e1rio epidemiol\u00f3gico. Esse aumento pode ser confirmado pelos dados dispon\u00edveis, que d\u00e3o conta da detec\u00e7\u00e3o de 31 casos de Covid-19 nos 55 dias iniciais da temporada (de 1\u00ba\/11 a 25\/12), com uma explos\u00e3o acentuada a partir do dia 26 de dezembro, tendo sido registrados 798 casos em apenas nove dias (de 26\/12 a 3\/1), o que representa um aumento de 25 vezes nesse per\u00edodo.<\/p>\n

Tal mudan\u00e7a repentina e brusca do contexto epidemiol\u00f3gico, provavelmente decorrente do surgimento da variante \u00d4micron, requer nova avalia\u00e7\u00e3o do cen\u00e1rio da pandemia de Covid-19, nos termos da Portaria GM\/MS 2.928\/2021, que disp\u00f5e que a autoriza\u00e7\u00e3o da opera\u00e7\u00e3o de navios de cruzeiro poder\u00e1 ser revista a qualquer momento em fun\u00e7\u00e3o dos desdobramentos do contexto epidemiol\u00f3gico dos navios de cruzeiro ou de altera\u00e7\u00f5es do cen\u00e1rio epidemiol\u00f3gico nacional e internacional (\u00a7 1\u00ba do art. 15).<\/p>\n

A r\u00e1pida detec\u00e7\u00e3o dos casos de Covid-19 foi poss\u00edvel devido \u00e0 execu\u00e7\u00e3o do protocolo sanit\u00e1rio previsto na Resolu\u00e7\u00e3o da Diretoria Colegiada (RDC) 574\/2021 da Anvisa, que estabelece que as embarca\u00e7\u00f5es devem possuir programa de realiza\u00e7\u00e3o de testagem de tripulantes e passageiros, e permitiu a atua\u00e7\u00e3o oportuna da Ag\u00eancia na condu\u00e7\u00e3o das investiga\u00e7\u00f5es epidemiol\u00f3gicas e demais a\u00e7\u00f5es sanit\u00e1rias cab\u00edveis diante do aumento dos testes positivos para Covid-19.<\/p>\n

Em reuni\u00e3o ocorrida nesta segunda-feira (3) com representantes do Minist\u00e9rio da Sa\u00fade e da Anvisa, os estados e munic\u00edpios foram un\u00e2nimes em reiterar a posi\u00e7\u00e3o da Ag\u00eancia pela suspens\u00e3o provis\u00f3ria da temporada de navios de cruzeiro no Brasil, at\u00e9 que se obtenham novos dados para melhor avalia\u00e7\u00e3o de eventual cen\u00e1rio de retomada.<\/p>\n

Na oportunidade, estados e munic\u00edpios tamb\u00e9m salientaram a dificuldade na obten\u00e7\u00e3o dos dados epidemiol\u00f3gicos junto \u00e0s empresas respons\u00e1veis pelas embarca\u00e7\u00f5es, o que prejudicou a condu\u00e7\u00e3o oportuna das investiga\u00e7\u00f5es pelas autoridades locais de sa\u00fade. Outro ponto de destaque foi a dificuldade de identifica\u00e7\u00e3o de contatos pr\u00f3ximos de casos suspeitos ou confirmados de Covid-19, por se tratar de ambiente confinado, o que pode contribuir para a dissemina\u00e7\u00e3o mais r\u00e1pida da doen\u00e7a caso medidas adicionais de controle n\u00e3o sejam adotadas.<\/p>\n

A Anvisa refor\u00e7a que, desde agosto de 2021, j\u00e1 havia se manifestado pela inviabilidade da retomada da temporada de navios de cruzeiro no Brasil, a qual deveria estar condicionada \u00e0 avalia\u00e7\u00e3o do cen\u00e1rio epidemiol\u00f3gico do pa\u00eds.<\/p>\n

As recomenda\u00e7\u00f5es e a\u00e7\u00f5es por parte da Ag\u00eancia foram pautadas em crit\u00e9rios t\u00e9cnicos e sanit\u00e1rios, a partir das melhores evid\u00eancias dispon\u00edveis e com fundamento no princ\u00edpio da precau\u00e7\u00e3o, com a finalidade de reduzir o risco de ocorr\u00eancia de agravos \u00e0 sa\u00fade. Assim, a Anvisa segue atuando de acordo com a sua miss\u00e3o institucional de promover e proteger a sa\u00fade da popula\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Foto: Arquivo pessoal<\/p>\n<\/span>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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