{"id":104636,"date":"2020-07-05T11:55:59","date_gmt":"2020-07-05T14:55:59","guid":{"rendered":"https:\/\/www.maissantos.com.br\/?p=104636"},"modified":"2020-07-05T11:55:59","modified_gmt":"2020-07-05T14:55:59","slug":"cientistas-descobrem-nova-especie-de-perereca-de-bromelia-na-bahia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.maissantos.com.br\/brasil\/brasil-cotidiano\/cientistas-descobrem-nova-especie-de-perereca-de-bromelia-na-bahia\/","title":{"rendered":"Cientistas descobrem nova esp\u00e9cie de perereca-de-brom\u00e9lia na Bahia"},"content":{"rendered":"

Foi ouvindo o som que sa\u00eda de brom\u00e9lias localizadas a 20 metros de altura, em \u00e1rvores remanescentes da Mata Atl\u00e2ntica baiana, que o professor Mirco Sol\u00e9, do Departamento de Ci\u00eancias Biol\u00f3gicas da Universidade Estadual de Santa Cruz (BA), teve seu primeiro contato com aquilo que, 13 anos depois, seria mais uma de suas seis descobertas cient\u00edficas: a\u00a0Phyllodytes magnus<\/em>, uma nova esp\u00e9cie das chamadas pererequinhas-de-brom\u00e9lia.<\/p>\n

Com isso, j\u00e1 est\u00e3o contabilizadas 14 esp\u00e9cies diferentes desse pequeno anf\u00edbio que nasce, cresce, reproduz e morre em meio \u00e0s brom\u00e9lias.<\/p>\n

Pesquisas j\u00e1 comprovaram que pelo menos uma dessas esp\u00e9cies tem como uma de suas fontes de alimento larvas de mosquitos que transmitem doen\u00e7as como dengue, zika ou chikungunya. \u201cDe fato as pererequinhas-de-brom\u00e9lia desempenham fun\u00e7\u00e3o ecol\u00f3gica que beneficia o ser humano\u201d, disse o professor.<\/p>\n

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\"pererequinha-de-brom\u00e9lia\"<\/div>\n<\/div>\n
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Pererequinha-de-brom\u00e9lia se alimenta de formigas\u00a0–\u00a0Divulga\u00e7\u00e3o\/Funda\u00e7\u00e3o Botic\u00e1rio<\/strong><\/h6>\n<\/div>\n<\/div>\n

\u201cDentre elas [as 14 esp\u00e9cies j\u00e1 descobertas] t\u00eam uma que j\u00e1 foi estudada, e da qual sabemos que os girinos conseguem se alimentar de larvas de mosquitos. Ela atua como controlador biol\u00f3gico de larvas de mosquitos que transmitem dengue, zika ou chikungunya, que se desenvolvem nas axilas de brom\u00e9lias.\u201d<\/p>\n

Dif\u00edcil acesso<\/h2>\n

Uma das primeiras dificuldades que os pesquisadores tiveram para avan\u00e7ar os estudos foi o acesso \u00e0 copa das \u00e1rvores, localizadas 20 metros acima do solo, onde ficam as brom\u00e9lias que servem de\u00a0habitat\u00a0<\/em>para essa esp\u00e9cie, que chega a medir 4 cm.<\/p>\n

\u201cIsso foi por volta de 2007, em Uru\u00e7ica [munic\u00edpio a cerca de 40km de Ilh\u00e9us], quando faz\u00edamos o invent\u00e1rio dos anf\u00edbios a pedido da dona de uma RPPN [Reserva Particular do Patrim\u00f4nio Natural, um tipo de unidade de conserva\u00e7\u00e3o particular]. Foi ali que, pela primeira vez, ouvimos o canto diferenciado dessa perereca que tem sua vida intimamente ligada \u00e0s brom\u00e9lias\u201d, lembrou o pesquisador.<\/p>\n

O canto citado por Sol\u00e9 \u00e9 emitido pelos machos da esp\u00e9cie como estrat\u00e9gia de atra\u00e7\u00e3o de f\u00eameas \u00e0 sua brom\u00e9lia.<\/p>\n

Nova esp\u00e9cie para a ci\u00eancia<\/h2>\n

Posteriormente, foram encontrados outros indiv\u00edduos da esp\u00e9cie na Esta\u00e7\u00e3o Ecol\u00f3gica Estadual de Wenceslau Guimar\u00e3es e no Parque Estadual da Serra do Conduru, ambos na Bahia. \u201cCome\u00e7amos ent\u00e3o um estudo de taxonomia integrativa no qual analisamos a morfologia externa, gen\u00e9tica, o canto e at\u00e9 a morfologia interna dos animais. Chegamos \u00e0 conclus\u00e3o de que se tratava de uma esp\u00e9cie nova para a ci\u00eancia. Batizamos de\u00a0Phyllodytes magnus<\/em>\u201d, disse o professor Sol\u00e9, referindo-se aos termos que significam quem entra nas folhas e grande, respectivamente.<\/p>\n

\u201cParece um nome muito pretensioso para uma pererequinha de apenas quatro cent\u00edmetros. Por\u00e9m, se levarmos em conta que a maioria das 14 esp\u00e9cies do grupo n\u00e3o alcan\u00e7a tr\u00eas cent\u00edmetros, o\u00a0magnus<\/em>\u00a0\u00e9 um verdadeiro gigante no reino dos an\u00f5es\u201d, destacou o professor do Programa de P\u00f3s-Gradua\u00e7\u00e3o em Zoologia da UESC, Iuri Ribeiro Dias.<\/p>\n

As pererequinhas-de-brom\u00e9lia s\u00e3o animais que se encontram unicamente no Brasil. Com exce\u00e7\u00e3o de uma esp\u00e9cie que chega at\u00e9 o Rio do Janeiro, todas as demais s\u00e3o essencialmente nordestinas.<\/p>\n

Descri\u00e7\u00e3o<\/h2>\n

O estudo identificou um distanciamento gen\u00e9tico superior a 6% em rela\u00e7\u00e3o a outras pererequinhas-de-brom\u00e9lia. Al\u00e9m do tamanho, a\u00a0Phyllodytes<\/em>\u00a0magnus<\/em>\u00a0se distingue por possuir tom amarelo p\u00e1lido, um canto diferente, pele granulosa na regi\u00e3o dorsal e pela aus\u00eancia de uma listra escura na lateral do corpo, comum a outras esp\u00e9cies do grupo.<\/p>\n

\u201cDescrever esp\u00e9cies novas \u00e9 o que chamamos de ci\u00eancia b\u00e1sica. \u00c9 s\u00f3 a partir da descri\u00e7\u00e3o cient\u00edfica que podemos investir em outros tipos de pesquisas mais aplicadas. As pererequinhas-de-brom\u00e9lia se alimentam, sobretudo, de formigas. Formigas disp\u00f5em de um verdadeiro arsenal qu\u00edmico de defesa, como, por exemplo, o \u00e1cido f\u00f3rmico. As pererecas podem ou eliminar essas subst\u00e2ncias ou bioacumular elas, a ponto de, inclusive, us\u00e1-las para sua pr\u00f3pria defesa\u201d, informou Sol\u00e9.<\/p>\n

“Essas subst\u00e2ncias podem ser pesquisadas e, quem sabe, serem futuramente utilizadas para desenvolver rem\u00e9dios\u201d, disse o professor de nacionalidades alem\u00e3 e espanhola, que chegou ao Brasil em 1998.<\/p>\n

Novos estudos<\/h2>\n

Com a descoberta, novas perguntas surgem sobre a esp\u00e9cie e, com isso, a expectativa \u00e9 de que novos estudos sejam implementados. \u201cPrimeiramente queremos entender se o que temos descoberto para uma das esp\u00e9cies de pererecas-de-brom\u00e9lias \u2013 o fato de elas conseguirem se alimentar de larvas de mosquito \u2013 \u00e9 uma peculiaridade dessa \u00fanica esp\u00e9cie ou se \u00e9 um padr\u00e3o para todas as esp\u00e9cies do g\u00eanero\u201d, afirmou o pesquisador.<\/p>\n

Segundo ele, caso se confirme que todas as esp\u00e9cies atuam como biocontroladores de mosquitos \u201cficar\u00e1 mais f\u00e1cil explicar a import\u00e2ncia de preserv\u00e1-las para a sociedade.” Para isso ser\u00e3o feitos experimentos no Laborat\u00f3rio de Herpetologia Tropical da UESC, informou.<\/p>\n

\u201cAcreditamos que a nova esp\u00e9cie possa ocorrer em outros locais de Mata Atl\u00e2ntica da Bahia. Por\u00e9m, como os \u00faltimos fragmentos dessa floresta est\u00e3o sendo destru\u00eddos a um ritmo acelerado, a sobreviv\u00eancia da esp\u00e9cie pode estar comprometida\u201d, complementou.<\/p>\n

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\"pererequinha-de-brom\u00e9lia\"<\/div>\n<\/div>\n
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Pererequinha-de-brom\u00e9lia foi encontrada na Bahia\u00a0–\u00a0Divulga\u00e7\u00e3o\/Funda\u00e7\u00e3o Botic\u00e1rio<\/strong><\/h6>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/span>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Foi ouvindo o som que sa\u00eda de brom\u00e9lias localizadas a 20 metros de altura, em \u00e1rvores remanescentes da Mata Atl\u00e2ntica baiana, que o professor Mirco Sol\u00e9, do Departamento de Ci\u00eancias Biol\u00f3gicas da Universidade Estadual de Santa Cruz (BA), teve seu primeiro contato com aquilo que, 13 anos depois, seria mais uma de suas seis descobertas […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":104637,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[6878],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.maissantos.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/104636"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.maissantos.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.maissantos.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.maissantos.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.maissantos.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=104636"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.maissantos.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/104636\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.maissantos.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/104637"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.maissantos.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=104636"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.maissantos.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=104636"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.maissantos.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=104636"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}