“Meu namorado me disse que é HIV positivo. E agora?”. Esse foi o questionamento feito por Carla (nome fictÃcio), de 40 anos, que não possui o vÃrus. Preocupada e buscando orientação, procurou a sede do Centro de Controle de Doenças Infectocontagiosas (Rua Silva Jardim, 94) há cerca de um mês. Ela foi apresentada à Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), tratamento que previne a infecção pelo HIV – basta ingerir um comprimido por dia.
“Fui bem acolhida por toda a equipe, esclareceram as minhas dúvidas, fiz todos os exames e iniciei o tratamento. Está sendo super importante para manter o relacionamento saudável e tranquilo. Tomo um comprimido por dia antes de ir para o trabalho”, afirma Carla.
Ela ainda destaca a facilidade de tudo acontecer em um mesmo local: palestra sobre o tratamento, acolhimento, aconselhamento, coleta de exames, consultas e retirada de medicação.
Desde fevereiro de 2017, quando a PrEP passou a ser oferecida pelo Ministério da Saúde em algumas cidades, Santos atende 120 pessoas dos nove municÃpios da Baixada Santista. O serviço poderia atender ainda mais pessoas, pois tem capacidade para isso, mas sensibilizar pessoas que fazem parte do público-alvo proposto pelo Ministério da Saúde ainda é um grande desafio.
Podem fazer uso da PrEP casais sorodiscordantes (caso de Carla), transexuais, travestis, homens que fazem sexo com homens e profissionais do sexo.
“O uso do preservativo e da profilaxia pós-exposição (tomada de medicamento depois de contato com o vÃrus HIV) faz com que muitos não se sintam vulneráveis para iniciar o tratamento de prevenção”, lamenta Joseli Cardoso, chefe da Seção de Atendimento Especializado Adulto da Secretaria de Saúde.
Em Santos, percebe-se uma resistência maior junto à s travestis, embora seja realizada busca ativa nos locais em que costumam estar. “Elas têm conhecimento, acham legal, mas sentem que não é para elas”, complementa. A maior parte dos que fazem uso da PrEP no serviço do MunicÃpio são homens e adultos jovens, de até 35 anos.
O que é a PrEP?
A PrEP combina dois medicamentos (tenofovir + entricitabina) que impedem que o HIV se estabeleça e se espalhe no organismo. A medicação começa a fazer efeito após sete dias de uso para relação anal e 20 dias de uso para relação vaginal.
“Na nossa percepção, há uma adesão boa ao tratamento. A maioria o segue corretamente: toma medicação uma vez por dia, comparece à s consultas trimestrais (tempo máximo de espaçamento), realiza exames a cada três meses para identificação de ISTs e de possÃveis efeitos colaterais da medicação, em especial da função renal. Não é comum alteração nos rins, mas monitoramos”, destaca o infectologista Tiago Vitor Maria.
Vale lembrar que a PrEP previne a infecção apenas por HIV, por isso é essencial o uso de preservativo para não se infectar com outras doenças. “O que percebemos é que quem faz uso da PrEP, até pelo aconselhamento frequente na unidade, passa a refletir melhor sobre o autocuidado e muda hábitos”, afirma Joseli.
Onde o tratamento está disponÃvel?
Qualquer morador de Santos pode buscar pelo serviço na Rua Silva Jardim, nº 94 – Vila Mathias, de segunda a quinta-feira, à s 11h30. Moradores das demais cidades da Baixada Santista devem ser encaminhados pelo serviço de saúde do seu municÃpio.
A equipe do Centro de Controle de Doenças Infectocontagiosas está à disposição para dar palestras e esclarecer dúvidas em ONGs, grupos e empresas. Os contatos são joselicardoso@santos.sp.gov.br; veronicagama@santos.sp.gov.br e através do telefone (13) 99714-0705.
Foto: Divulgação/Rogério Bomfim