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Santos / Saúde

Natural

Nos dias de hoje, a palavra natural tem forte apelo comercial e pode passar a falsa imagem de segurança. É utilizada para dar conotação de que não faz mal ou para algo que possa trazer algum benefício. Quando se refere às plantas, passa a mensagem, de forma enganosa, de que essa é isenta de malefícios.

Mas as plantas são compostos químicos, assim como todos os elementos concretos da vida. Os componentes da planta, ao entrar em um organismo, alteram as reações químicas desse, do mesmo modo que um medicamento industrializado. A substância medicamentosa serve, por exemplo, para reduzir a atividade orgânica aumentada, o qual provoque uma doença, como no excesso de contração dos vasos sanguíneos causando hipertensão.

Nesse mesmo raciocínio, um fármaco pode aumentar o metabolismo diminuído no diabetes causado por insuficiência ou má-função da insulina. E esse efeito contrário à doença poderá ser provocado tanto por um medicamento exclusivamente químico, quanto por outro de origem vegetal. Essas modificações orgânicas não acontecem exclusivamente no local da doença. Portanto as plantas, ainda que sejam naturais, podem causar adversidades.

O uso das plantas, por ter origem cultural, ou seja, por serem indicadas por pessoas reputadas pela sabedoria, como os avós, pajés, curandeiros, tem um caráter místico que se sobrepõe ao científico. No uso científico das plantas, como nos fitoterápicos produzidos pelas indústrias farmacêuticas, é preciso provar a quantidade existente de determinadas substâncias medicamentosas contidas no remédio. Porque são essas substâncias as responsáveis pelo efeito terapêutico.

Uma planta, como ser vivo, tem sua própria fisiologia, ou seja, produz compostos químicos para crescer, multiplicar ou se defender. Essas substâncias podem ser encontradas na planta toda ou em alguma parte específica como raízes, folhas, frutos ou flores. São produzidas em quantidades variadas e em situações específicas como variação do solo ou por agressão de insetos, por exemplo.

Nesse contexto, a diferença entre medicamentos químicos e os de origem vegetal está mais apoiada na perspectiva econômica do que farmacológica. Econômica porque um país como o Brasil, com imensa diversidade biológica, poderá se tornar independente da tecnologia importada. Então, ao optar por medicamentos vegetais, o faça pelo acesso e não pela segurança, porque as plantas podem apresentar tantos problemas quanto os medicamentos industrializados.

O Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM), do curso de Farmácia da UniSantos, está disponível para solucionar suas dúvidas. O contato pode ser pelo e-mail cim@unisantos.br.

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