PUBLICIDADE

Santos / Saúde

Morte e dignidade

Apesar do chavão, “a morte é a única certeza da vidaâ€, nem as pessoas e nem os profissionais da saúde estão bem preparados para ela. A morte, para o profissional da saúde, é encarada como fracasso. Em vista disso, a OMS tem procurado discutir essa questão desde o ano de 1990. Cunhou o termo “cuidados paliativos†que, de forma resumida, consiste em dar apoio técnico, social, espiritual e psicológico para a pessoa e seus familiares acometida de doença grave com prognóstico de morte evidente. Finda-se a busca da cura e passa-se a controlar o desconforto da doença como dor e mal-estar.

Existem cursos sobre a morte aos profissionais da saúde para que aprendam a manter-se empáticos com o doente e com a família e entender o momento particular da vida. Mas há de se ter certo distanciamento para a emoção não comprometer decisões necessárias no decurso da morte. A dor tem de ser aplacada, o sofrimento diminuído e saber usar a tecnologia para uma morte digna, sem prolongamentos desnecessários.

Talvez, o primeiro passo a se fazer seja reafirmar a vida e a morte como fenômenos naturais. Para isso, são precisos o diálogo e a reflexão. Pensar na morte não significa chamá-la, mas entendê-la. E para entender a morte, é preciso de uma visão interdisciplinar, ou seja, vários enfoques integrados em torno do conceito de morrer. A ciência, a religião e a solidariedade são fatores importantes para se abordar a morte.

O luto é individual e dinâmico e cada pessoa o vivencia de forma particular.  E o luto pode complicar-se na medida que desorganiza a vida dos que ficaram. A morte de pais e de pessoas mais velhas são sentidas de forma diferente da dos filhos e de pessoas mais jovens. A morte de pessoas jovens é muito dolorosa e em nossa sociedade, não há muitos espaços para a elaboração da perda. É preciso aprender a escutar e acolher.

Pensar e entender a morte não significa desejá-la, uma vez que esse desejo está vinculado a um estado de depressão. Ainda que controverso, é possível a um paciente que seja diagnosticado com uma doença grave, com prognóstico de morte breve expressa fazer uma “Declaração Prévia de Vontadeâ€, documento lavrado em Cartório expressando seu desejo de uma morte digna, em respeito à sua autonomia. Esse documento está em coerência a uma Resolução do Conselho Federal de Medicina que afirma esse direito ao paciente e conduz ao médico o procedimento de ortotanásia, quando se reduz o uso de recursos que apenas prolonguem o processo de morte, sem objetivo de cura.