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Santos / Saúde

Médico alerta para os perigos da obesidade

Da Redação

A obesidade aumentou 60% em dez anos, de 2006 a 2016, de acordo com o Ministério da Saúde. Isso significa que um em cada cinco brasileiros está acima do peso. O resultado faz parte da “Pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico”.

De acordo com a pesquisa, o crescimento no número de obesos pode ter colaborado para o aumento de casos de diabetes de depressão. Também foram observadas algumas mudanças nos hábitos alimentares. Se antes o Brasil estava no quadro da desnutrição, agora ele está entre os que apresentam altas taxas de obesidade.

Para se ter uma ideia, apenas um entre três adultos consome frutas e hortaliças em cinco dias da semana. Além disso, o consumo de ingredientes tradicionais tem diminuído. O consumo de feijão, por exemplo, caiu de 67,5%, em 2012, para 61,3%, em 2016.

Confira a seguir a entrevista com o médico Joaquim Guimarães, cirurgião bariátrico e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica:

Quais as principais consequências da obesidade?

A obesidade é uma doença que pode atingir o indivíduo em vários aspectos. Desde o aspecto emocional, fazendo muitas vezes com que ele tenha problemas psicológicos, baixa-autoestima, e também pode ocasionar as chamadas comorbidades, que são patologias associadas a esse aumento de peso, como pressão alta, diabetes, colesterol, problemas de artrose, às vezes infertilidade e uma série de outras patologias.

Quando a intervenção cirúrgica é indicada?

A intervenção cirúrgica é indicada sempre como uma última alternativa. Quando esse indivíduo já tentou por mais de dois anos fazer um tratamento clínico e não teve sucesso, e ele possui Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 40 ou quando ele tem um Índice de Massa Corpórea de 35 até 39.9, ou seja, quase até 40, e ele tiver alguns problemas de saúde associados, como pressão alta, diabetes ou colesterol alto. Quer dizer, tiver associado a alguma comorbidade. Essas são as duas indicações formais para a cirurgia de obesidade.

Quais os principais fatores que levaram o Brasil de um país que estava na lista dos que tinham problemas com crescentes casos de desnutrição na população à obesidade?

Hoje em dia a gente sabe que nos países que têm um poder aquisitivo maior, com uma renda per capita maior, existe uma tendência maior de que essa população esteja mais exposta à obesidade. O Brasil mudou o seu quadro a partir do momento em que ele começou a mudar no patamar econômico. A economia foi crescendo, então isso aumentou o poder aquisitivo da população e com isso com certeza teve uma influência no ganho ponderal. Mas existem outros fatores. Hoje em dia nossa população tem disponível uma alimentação com alto valor calórico e baixo valor nutritivo. Isso tudo faz com que o indivíduo acabe acumulando calorias e entrando num quadro de obesidade.

Como combater a doença?

Combater a obesidade nem sempre é fácil. Não existe uma única medida no qual a gente tenha sucesso amplo. Existem várias medidas que podem resultar no combate à obesidade, mas sempre a longo prazo. Fazer com que a população tenha orientação nutricional, por exemplo, é muito importante. Principalmente a população carente, que muitas vezes não tem acesso nem a um alimento nutritivo nem tem noção do quanto é importante ter uma dieta equilibrada. Outra atitude importante é sempre estimular a prática de atividade física na população em geral. São pequenas medidas que fazem com que o indivíduo a longo prazo consiga perder peso.