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Santos / Saúde

Mais de 30 milhões de brasileiros superam os 60 anos e cuidados paliativos ganham cada vez mais importância

No dia 1º de outubro é comemorado o Dia do Idoso no Brasil e o cenário atual realmente tem mostrado que há motivos para celebrar a data. O número de idosos no país cresceu 50% em uma década (mais de 8,5 milhões pessoas), segundo o IBGE, e já alcançou a marca de 30 milhões. As mulheres são maioria nessa faixa etária – com 16,9 milhões (56% dos idosos), enquanto os homens idosos são 13,3 milhões (44% do grupo).

O instituto estima que essa parcela da população deve chegar a 38 milhões em 2027 e que, em 2039, haverá mais pessoas idosas do que crianças vivendo no país. Em 2060, um em cada quatro brasileiros terá mais de 65 anos – o percentual passará dos atuais 13,44% para 32,1%.

A data marca a promulgação do Estatuto do Idoso – Lei N°10.741, que reforça a importância da proteção a esse público e estabelece direitos como a prioridade em alguns serviços e a garantia de acesso à saúde, alimentação, educação, cultura, lazer e trabalho.

A geriatra do Hospital Santa Paula, Maristela Soubihe, destaca que o envelhecimento populacional é um fenômeno global e está associado ao aumento da expectativa de vida das pessoas. “A expectativa de vida do brasileiro alcançou a maior média da história: 76 anos, segundo dado do IBGE deste ano. Isso representa um salto de 22 anos em relação ao registrado na década de 1960â€.

Uma das tendências que mais chamou a atenção do IBGE é a desaceleração do crescimento populacional com aumento de apenas 0,38% — 800 mil pessoas —em relação ao contingente de 2017. Em 2060, a expectativa de vida será de 81 anos. O contrário ocorre na população de crianças de até 14 anos, que atualmente representa 21,3% do total e que em 2060 representará 14,7%.

14 de outubro – Dia Mundial de Cuidados Paliativos

Diante do aumento da expectativa de vida e consequente envelhecimento da população, temos também uma maior prevalência de doenças crônicas. Como contribuir com a qualidade de vida desses indivíduos? É aí que entram os cuidados paliativos.

O conceito de cuidados paliativos está se modernizando. Antes, o tratamento era entendido como um acompanhamento quando o paciente está sem alternativa de cura. Agora, a Organização Mundial da Saúde afirma que o monitoramento das necessidades do paciente e o acolhimento à sua família deve ser feito a partir do diagnóstico. A OMS defende que o cuidado paliativo seja tratado como ‘uma necessidade humanitária urgente’ para pessoas com doenças graves.

“Os cuidados paliativos são uma necessidade humana e podem ser aplicados em qualquer indivíduo, não necessariamente a um paciente em fase terminal, a fim de proporcionar uma melhor atenção e conforto às pessoas enfermas, seus familiares e cuidadores, além de contribuir para a garantia de todos os direitos estabelecidos no Estatuto do Idosoâ€, reforça a médica paliativista do Hospital Santa Paula, Milena Reis.

Não por acaso, no segundo sábado de outubro é comemorado o Dia Mundial de Cuidados Paliativos, iniciativa encabeçada pela World Hospice and Palliative Care Alliance (WHPCA), organização internacional não governamental que tem como objetivo o desenvolvimento dos cuidados paliativos e hospice no mundo. Neste ano, o tema escolhido pela organização foi ‘Porque Eu importo’. Segundo a WHPCA, o que motivou a escolha do tema foi por centrar-se na experiência vivida por pessoas com doenças crônicas, olhando para o que é mais importante, incluindo o impacto financeiro, e as necessidades de cuidados paliativos em pacientes e seus familiares. O tema também envolve elementos sobre direitos humanos e justiça, perguntando: Se eu importo, então por que não estou recebendo os cuidados de que preciso?

No Brasil, essas terapias que têm como objetivo melhorar a qualidade de vida do paciente ainda são realidade para poucos. Segundo um estudo da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), há só 177 equipes atuando na área e uma delas é no Hospital Santa Paula, na zona sul da capital paulistana. As ações incluem medidas terapêuticas para o controle dos sintomas físicos, intervenções psicoterapêuticas e apoio espiritual ao paciente que demanda um ritual de fé. Para os familiares, as ações se dividem entre apoio social e conversas frequentes sobre finitude da vida e luto.

A cantora Aretha Franklin, que faleceu em agosto deste ano, é um exemplo de paciente que recebeu cuidados paliativos em casa, ao longo do tratamento da grave doença. Ela foi diagnosticada em 2010 com um câncer de pâncreas neuroendócrino em estágio avançado, um tipo de tumor raro, que evolui lentamente, difícil de ser diagnosticado e que acometeu também outra pessoa pública famosa, Steve Jobs (1955-2011). Os cuidados, enfocando na qualidade de vida da paciente, e não necessariamente no tempo, ofereceu assistência para Aretha e a família, que sofria com uma doença incurável e tornaram mais leve o período.

Além de ser bom para o paciente, o cuidado paliativo pode ser mais barato para o sistema de saúde do que tratamentos tradicionais. Pesquisas mostram que essas terapias podem representar uma economia de 40% porque é algo simples, pode ser feito em qualquer lugar, não precisa de UTI. Estudos também mostram que cuidados paliativos podem aumentar o tempo de vida dos pacientes. E tudo isso está provocando mudanças na forma de pensar e praticar a medicina.

 

Foto: Pixabay