O homem utilizava documentos falsos no Brasil e tinha registros de múltiplos homicídios, porte de arma e de explosivos ligados à ele. Ele veio para a Baixada Santista em 2017.
Foto: Reprodução
Por Vinícius Farias
De acordo com a informações da Polícia Civil, o sérvio Darko Geisler, de 43 anos, assassinado a tiros em Santos, na última sexta-feira (5), vivia como um “fantasma” no Brasil há nove anos. Ele usava nome falso e se passava como um esloveno em solo brasileiro, mas na verdade, ele é procurado pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) por ser suspeito de ser matador de aluguel.
A corporação realizou uma coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (11), no Palácio da Polícia. Estavam presentes o delegado titular do 3º Distrito Policial (DP) de Santos, Luiz Ricardo Lara Dias Junior, e o delegado seccional de Santos, Rubens Eduardo Barazal Teixeira.
Darko foi morto por um homem, ainda não identificado, na porta de casa, na Rua São José, no bairro Embaré, na última sexta-feira (5), por volta de 19h46.
Durante a coletiva, os investigadores resumiram a investigação, que começou com a identificação da vítima, que a princípio era dada como eslovena.
“Chamou a atenção o passaporte apresentado, que não havia carimbo de ingresso no território nacional. Havia um carimbo de ingresso e saída no ano de 2014. Como um estrangeiro ingressa em solo brasileiro sem constar um carimbo, um registro da Polícia Federal?. Entramos em contato com o consulado da Eslovênia, que informou que aqueles dados não remetiam a nenhum nacional da Eslovênia. E informou mais. Que pela numeração do passaporte, aquele documento havia sido considerado extraviado no ano de 2017 e portanto, cancelado, sendo pertencente a outro cidadão de naturalidade eslovena”, explicou Lara.
Identificação x Matador de Aluguel
Segundo a corporação, em uma busca na internet, usando uma foto do suspeito, a Polícia identificou registros criminais na cidade de Montenegro, país que faz fronteira com a Sérvia. Neles, a vítima tinha as características do suspeito, que tinha registros de múltiplos homicídios, porte de arma e de explosivos ligados à ele.
“O país de Montenegro nos remeteu uma impressão digital daquele que era investigado, como sendo um matador de aluguel…. O laboratório do IRGD, de inteligência da Polícia Civil, ao receber esse material, fez a comparação com as impressões digitais da vítima de homicídio e emitiu um laudo. Este laudo é uma análise técnica e testou positivo. Ou seja, nós podemos afirmar, com absoluta certeza, de que pautado numa prova técnica pericial, que esse múltiplo homicida investigado em Montenegro se trata da vítima de homicídio”, explicou o delegado Lara.
Com isso, a Polícia Civil constatou que se tratava do sérvio Darko Geisler. Segundo a investigação, ele era integrante de uma organização criminosa na Sérvia.
Conforme a polícia, o homem teria ficado ferido no último crime praticado em Montenegro. Ele tentou matar um homem na porta de uma prisão no país, em 25 de dezembro de 2014. Após o crime, ele foi dado como morto e fugiu para a Bósnia. Lá, ele “virou um fantasma” e veio para o Brasil, de acordo com o delegado.
Darko utilizava documentos falsos no Brasil e trabalhava em uma marcenaria, sendo conhecido por ser uma pessoa tranquila e reservada. Ele não tinha documentos brasileiros, nem fonte de renda ativa. Nem o filho dele, de quatro anos, foi registrado com o nome do pai. Apenas o da mãe. Ele vivia de um comércio que teria no leste europeu com a família.
A esposa da vítima já prestou depoimento, mas deve ser chamada novamente.
“Ela disse que não tinha conhecimento do passado dele. Eles se conheceram em 2015, 2016, na cidade de São Paulo. De lá, eles passaram a nutrir esse relacionamento e vieram para a Baixada em 2017. Mas ela disse que não sabia de nenhuma atividade dele anterior ao laço que os unia, apontando ele como um bom pai e bom marido, de costumes simples”, disse.
Quem matou Darko?
Agora, os agentes investigam quem matou Dark, qual a motivação do crime e se foi uma consequência dos homicídios cometidos na Europa. Porém, a Polícia Civil ainda não tem informações suficientes para “cravar” uma pessoa.
Conforme a corporação, há várias possibilidades, que ainda se apresentam.
“Mesmo porque a autoridade de Montenegro informou que Darko Geisler integrava organizações criminosas que atuavam não só em Montenegro, mas em todo o leste europeu, notadamente na figura de um homicida contratado para esse fim”, afirmou o delegado.
Ele cometeu crimes no Brasil?
Os agentes informaram que ainda não tem informações sobre crimes cometidos em solo brasileiro. Porém, a corporação vai estreitar no curso do inquérito policial.
O caso
Vídeo: Reprodução
Darko foi executado enquanto chegava em casa com a esposa e o filho na última sexta-feira (5). O criminoso que atirou nele fugiu em um carro preto, na direção do Canal 4.
Nas imagens é possível o criminoso chegando e o momento dos disparos. (veja o vídeo acima)
O Sérvio chegou a ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas sofreu uma parada cardiorrespiratória a caminho da Santa Casa de Santos e não resistiu.
Segundo a PM, os agentes foram acionados e acionaram a perícia no local. A Polícia Civil continua investigando o caso.