A família de Vinicius de Souza Silva contesta a morte do jovem, alegando que os policiais “teriam chegado atirando”. Os moradores da comunidade revoltados com a situação montaram uma barreira na entrada do morro, em protesto contra a ação da polícia.
Foto: Arquivo / Folhapress/ Reprodução
Por Vinícius Farias
Um homem, de 20 anos, morreu no início da tarde desta segunda-feira (21) após ser baleado durante um confronto com uma equipe do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), na Rua Sete, no Morro Santa Maria, em Santos. A ação policial fazia parte da Operação Escudo, que chegou a 20 pessoas mortas desde seu início, em 28 de julho. A família de Vinicius de Souza Silva contesta a morte do jovem, alegando que os policiais “teriam chegado atirando”. Os moradores da comunidade revoltados com a situação montaram uma barreira na entrada do morro, em protesto contra a ação da polícia.
De acordo com a Polícia Militar (PM), Vinícius foi atingido por volta das 12h. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado para a Santa Casa de Santos, onde foi constatada a morte.
A unidade de saúde informou que o paciente deu entrada no hospital já sem vida. Já o Corpo de bombeiros disse que o homem foi encaminhado à Santa Casa com vida. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Praia Grande.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que um grupo atirou contra os policiais, que revidaram. Um dos suspeitos foi baleado. Com ele, foram apreendidas: uma pistola e porções de cocaína e maconha. As armas dos policiais também foram apreendidas. O caso foi registrado no 5º Distrito Policial de Santos.
A nota diz ainda que todos os casos envolvendo mortes decorrentes de intervenção policial relacionados à Operação Escudo são investigados pela DEIC de Santos e pela Polícia Militar, acompanhados pelo Ministério Público e Poder Judiciário.
Família e Moradores
A família de Vinícius de Souza e os moradores do Morro Santa Maria contestam a versão dos policiais. De acordo com o relato de testemunhas, “não houve confronto com os policiais do Baep e os agentes chegaram atirando”.
Segundo a família, o jovem teria se assustado com os tiros e teria corrido para uma área de mata. Não teria ocorrido troca de tiros.
Eles também relatam que o corpo de Vinícius demorou para chegar na Santa Casa de Santos, além de questionarem a causa da morte, já que ao reconhecer o corpo do homem, ele estava “irreconhecível” devido aos ferimentos no rosto.
Os familiares informaram que o jovem completou 20 anos neste domingo (20) e teria se envolvido com “pessoas erradas”, ”cometendo alguns delitos”. Eles questionam o porque que os policiais não o prenderam, ao invés de matá-lo.
Será realizada uma perícia no corpo de Vinícius, que está no IML de Praia Grande, para saber a causa da morte dele.
Operação Escudo
A Operação Escudo teve início no dia 28 de julho após a morte do Soldado da Equipe de Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Patrick Bastos Reis. A ação policial chega ao seu 26° dia com 20 mortos e 544 pessoas presas.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, dentre os detidos, 204 eram procurados pela Justiça. Também foram apreendidas 76 armas, entre pistolas e fuzis, e 890 quilos de drogas.