Da Redação
Pesquisadores do Instituto Biopesca estão monitorando a presença de uma toninha (Pontoporia blainvillei) em trecho de mar na Ponte dos Práticos, na Ponta da Praia, em Santos. Ela foi avistada nesta terça-feira (27) no local em diferentes locais.
Conhecida por sua timidez, essa espécie de golfinho dificilmente é avistada e, além disso, esse indivÃduo, em particular, está surpreendendo pelo comportamento incomum. Ele se aproxima das embarcações, vem à superfÃcie frequentemente e chegou até a dar alguns saltos.
Trata-se de uma fêmea jovem aparentemente saudável que, provavelmente, se perdeu da mãe ou do seu grupo e pode estar desorientada, permanecendo no local para se alimentar.
“Eu ainda não havia visto uma toninha se comportando dessa formaâ€, comenta a bióloga Carolina Bertozzi, fundadora do Instituto Biopesca e professora do Campus Litoral Paulista da Unesp (CLP/Unesp). Ela estuda essa espécie há mais de 20 anos.
A presença da toninha foi identificada no domingo (25/07) pelo Instituto Biopesca e, desde ontem, equipes da organização vêm se revezando em um trabalho à distância de monitoramento 24 horas, que consiste na observação do animal. Apesar dos dias frios, a temperatura não interfere no trabalho.
O objetivo é colher o maior número possÃvel de informações do seu comportamento e da sua biologia, bem como investigar os motivos da sua presença na área. Esses dados colaborarão com estudos voltados à sua proteção.
“As pessoas que avistarem a toninha não devem alimentá-la e nem se aproximarem para não estressá-la, preservando assim seu bem-estar”, orienta Bertozzi . O Instituto Biopesca agradece à Praticagem de São Paulo, que está fornecendo o apoio necessário ao monitoramento.
A toninha (Pontoporia blainvillei) está ameaçada de desaparecer da natureza em algumas poucas décadas caso nada seja feito em favor de sua conservação. Além de ocorrer no Brasil, a toninha também está presente na Argentina e no Uruguai.
Uma das principais ameaças à espécie é a captura acidental em redes de pesca. Ao ficar presa porque não as enxerga, ela morre asfixiada. Nesse sentido, alguns experimentos em conjunto com pescadores vêm sendo realizados, como testes com redes de pesca alternativas e também a colocação de alarmes acústicos no equipamento. Essas iniciativas tentam impedir que alguma espécie, que não seja o alvo da pescaria, se enrosque. Outros perigos colocam as toninhas em risco, como a poluição marinha e a ingestão de lixo plástico.
Até que resultados eficazes sejam obtidos, Bertozzi faz algumas sugestões que o cidadão comum, enquanto consumidor, pode adotar. “O ideal é conhecermos a origem do peixe que consumimos, se é pescado de forma sustentável, evitando a sobrepesca.
Para tanto, indica guias de consumo sustentável facilmente acessados na Internet. Dois deles são o “Guia de Consumo Responsável de Pescador Brasilâ€, da WWF, e o “Do mar à mesa – Guia de Consumo Consciente de Pescador da Costa do Descobrimentoâ€, do Projeto Coral Vivo.
Confira o vÃdeo:
Foto e vÃdeo:Â Marina Silva Okida e Nelson Sater/Instituto Biopesca