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Santos / Meio Ambiente

Estudos do Orquidário de Santos contribuem para desenvolvimento da fauna e educação ambiental

Da Redação

Cerca de 500 animais de 52 espécies fazem parte do plantel do Orquidário Municipal de Santos atualmente. Não entra nessa conta um número que também chama a atenção: são outras 70 espécies entre aves, borboletas e caracóis que passeiam pelas alamedas do parque zoobotânico localizado no José Menino.

A descoberta surgiu a partir de três estudos simultâneos coordenados pela bióloga do Orquidário Beatriz Comelli. Com o auxílio de estudantes de Ciências Biológicas que atuam como estagiárias do parque, já foram observados outros 58 tipos de aves que utilizam o local como abrigo, espaço de alimentação, reprodução ou descanso. Entre as espécies estão socó, garça moura, sanhaço, tiê-sangue, sabiá e pica-pau de cabeça amarela.

Além do levantamento sobre a avifauna visitante, o Orquidário também já identificou mais de 20 tipos de borboletas, como a Methona themisto, Claudina tegos e Brassolis sp, além de seis tipos de gastrópodes terrestres (caracóis), incluindo o Megalobulimus paranaguensis, espécie silvestre ameaçada de extinção.

O estudo é feito por análise visual. Com caminhadas que duram cerca de duas horas por dia por todas as alamedas, os profissionais do parque observam quais animais não fazem parte da fauna oficial. As espécies são identificadas, fotografadas e catalogadas em um relatório.

“O objetivo desses três estudos é destacar o papel do Orquidário como uma importante área verde da nossa fauna regional. Em um segundo momento, também geramos dados para outros setores do poder público trabalharem, como a educação ambiental, por exemplo”, explicou a bióloga. Ainda segundo ela, o levantamento sobre aves e borboletas existe há 30 anos no Orquidário, enquanto o de caracóis foi iniciado em 2022.

Outro ponto interessante sobre a metodologia é que a presença dos ‘novos visitantes’ também guia o trabalho de paisagismo do parque. Isso porque há uma análise de quais plantas e flores são utilizadas como alimentação por eles e até o que poderia ser plantado para atrair novas espécies.

“Além da vivência e do cuidado com os animais, esse tipo de trabalho demonstra a preocupação do Orquidário em seguir desenvolvendo projetos de pesquisa e estudos sobre a natureza”, concluiu a bióloga.

História

O Orquidário Municipal de Santos foi inaugurado em 11 de novembro de 1945. Ele foi idealizado ainda em 1903, quando o engenheiro Saturnino de Brito previu, em seu plano de saneamento para Santos, a desapropriação de terrenos para facilitar o acesso à Usina de Tratamento e para a construção de um parque público. O terreno, que era um campo de futebol, foi desapropriado em 1909 e doado pelo Estado à Prefeitura em 1914.

A ideia de construir no local só foi colocada em prática anos depois, após a morte do comendador Júlio Conceição, em 1938. Ele, que foi considerado o primeiro orquidófilo do Brasil, cultivava mais de 90 mil mudas de orquídeas em sua chácara no Boqueirão, conhecida como Parque Indígena. A propriedade foi o primeiro estabelecimento de visitação pública de Santos e referência turística na Cidade, além de ser considerado, na época, o maior orquidário ao ar livre do mundo.

O Parque Indígena foi aberto ao público em 1932 e permaneceu em funcionamento até 1940, mesmo após a morte de Conceição. Porém, a área foi loteada em 1944 e parte do patrimônio biológico vendida por valor simbólico à Prefeitura de Santos para a formação do Orquidário Municipal.

Foto: Nathalia Filipe/Divulgação PMS