PUBLICIDADE

Santos / Festas Populares

Intérprete lembra de período sem desfiles em Santos e o compara com o atual

Por Alexandre Fernandes

Intérprete da escola de samba Mãos Entrelaçadas, Thiaguinho Santos iniciou sua carreira justamente numa época em que não houve desfiles em Santos, entre 2001 e 2005 (leia mais abaixo). Mas segundo ele, nem aquele difícil período se compara com paralisação deste ano em razão da pandemia de Covid-19. “Nunca tinha acontecido de eu não participar de nada. De uma banda, de um ensaio, de uma disputa de samba-enredo, de um desfile de escolas de samba”.

 - REVISTA MAIS SANTOS

Muitas bandas surgiram em Santos durante o período sem desfiles de escolas de samba

 - REVISTA MAIS SANTOS

Thiaguinho Santos: “não estou passando dificuldades por não ter Carnaval. É mais o sentimento de não fazer o que eu gosto este ano”

A diferença, segundo o cantor, é que, mesmo sem os desfiles no início do século, o carnaval santista se reinventou. Inclusive ele próprio, então integrante da bateria da Unidos da Zona Noroeste. “As bandas não pararam e muitas outras foram fundadas. E algumas delas me deram oportunidade para cantar. E quando voltou a ter desfile, em 2006, eu já era intérprete da Zona Noroeste”.

Aos 34 anos, Thiaguinho Santos ganha a vida como motoboy e motorista de aplicativo. Ele conta que a ausência do carnaval não teve grande impacto financeiro. Mas o afetou de outra forma. “Eu não estou passando dificuldades por não ter Carnaval. É mais o sentimento de não fazer o que eu gosto este ano”.
O cantor conta que as performances na avenida serviam também para superar a timidez. Agora, sem essa “terapia”, ele tem se virado sozinho. “Esse tempo está me fazendo refletir para que eu possa voltar com tudo, melhor e mais contagiante”.

Apesar do significado que o Carnaval tem para sua vida, Thiaguinho Santos diz concordar com a proibição das atividades. “Mesmo eu amando, sentindo falta. Eu concordo que não tem clima e nem pode haver desfile e festividades em lugar nenhum”.

História
Os desfiles de escolas de samba em Santos eram eram realizados nas avenidas da praia desde 1954. Em 1997, porém, moradores de prédios no trecho da orla do bairro José Menino obtiveram na Justiça uma liminar que proibia o uso de amplificadores de som em eventos na praia. O desfile de 1998, então, foi transferido para a Avenida Portuária, mas não foi realizado no ano seguinte.

As escolas voltaram à ativa na orla em 2000, na Avenida Bartolomeu de Gusmão, graças a um efeito suspensivo obtido pela Prefeitura na Justiça. Mas em 2001 houve novo impasse com relação ao local e a realização do desfile foi novamente suspensa.

No ano seguinte, o problema foi outro. Prefeitura e escolas de samba não entraram em um acordo financeiro. Santos seguiu sem desfiles até 2005, retomando em 2006, já na Passarela do Samba Dráusio da Cruz, construída na Zona Noroeste, no trecho popularmente conhecido como Estradão.

Desde então, os desfiles são realizados no local. A edição de 2013, porém, não foi concluída por causa de um incêndio durante a apresentação da escola de samba Sangue Jovem.

Foto da capa e foto 2: Arquivo pessoal

Foto 1: Divulga̤̣o/Marcelo Martins РPrefeitura de Santos (Arquivo)

Clique no link abaixo para ler a reportagem sobre o cancelamento do Carnaval em Santos na edição mensal da revista Mais Santos:

Ed.32 – Fevereiro de 2021: Edmur Mesquita, da vida pública à convivência com a doença de Parkinson