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Santos / Festas Populares

Cancelamento do Carnaval em Santos atinge profissionais e causa incertezas

Por Anderson Firmino

“Samba/Agoniza, mas não morre/Alguém sempre te socorre/Antes do suspiro derradeiroâ€. Os versos compostos por Nelson Sargento (já imunizado contra a Covid-19, por sinal) representam o pensamento que mora no coração de todo sambista, de que o Carnaval sempre resiste. Mas, após um ano em branco, e ainda sob pandemia, “…como será o amanhã?†A esperança de uma retomada nos desfiles das escolas de samba, após a plena vacinação da população, dá lugar a um cenário de incertezas. É o que demonstra o presidente da Liga Independente Cultural das Escolas de Samba de Santos (Licess), Ditinho Fernandes.

A experiência ruim de outros hiatos sem apresentações, com debandadas de pessoal e queda de recursos, motiva essa apreensão. “Toda paralisação nos deixa muito preocupados. Mas, neste ano, é um momento atípico que atingiu o mundo inteiro. A minha maior preocupação neste momento é com a vacina. Será que até o final do ano toda a população estará vacinada? Caso não esteja, será que as autoridades competentes irão liberar os grandes eventos? Se essa definição for protelada pelas autoridades e fiquemos à mercê de uma decisão definitiva, isso realmente me preocupaâ€, diz o dirigente, com quase 50 anos de avenida.

Ele lembra que cada Carnaval na passarela começa bem antes da sirene soar na Passarela Dráuzio da Cruz, entre abril e maio. E a postergação de uma tomada de decisão, por parte do Poder Público, sobre o evento em 2021, acabou sendo prejudicial para a cadeia produtiva do Carnaval.

“Se pararmos para analisar, o cancelamento do Carnaval atingiu direta e indiretamente mais de 200 profissionais em cada escola. As agremiações mantiveram alguns profissionais sob contrato até quando houve a decisão do cancelamento do evento em 2021. Essa decisão aconteceu somente em outubro de 2020, por isso gerou muita dívida às escolasâ€, observa Ditinho.

Ações
O dirigente explica que, com o impedimento de se realizar qualquer tipo de evento, e pelo fato de parceiros da Licess terem sido atingidos com a crise econômica, não foi possível oferecer ajuda plena aos profissionais que dependem do Carnaval. “A Liga, através de seus parceiros, conseguiu distribuir cestas básicas para alguns desses profissionais e conseguimos também encaixar alguns músicos recebendo cachê nas lives que realizamosâ€.

A diminuição constante do cachê pago às escolas de samba é lembrada como outro desafio pelo presidente da Licess. “De um cachê, em 2016, de R$ 181 mil, o corte em 2017 foi de 55% e, em 2018, de mais 50%, onde nosso cachê chegou a R$ 45 mil. Mesmo assim, não deixamos cair a qualidade dos desfiles e mudamos a organização. Estou há três anos à frente da Liga, e fizemos um trabalho muito árduo para manter o Carnavalâ€, pondera.

Desafio da vez
O sambista lembra que algumas escolas já escolheram o tema e até mesmo o samba que irão defender na avenida. O trabalho já feito, entretanto, não está perdido. “Algumas agremiações fizeram o lançamento de seus enredos e a disputa do samba de enredo através de lives, fora o desenvolvimento dos figurinos rumo ao Carnaval 2021. Algo positivo é que esses trabalhos que tiveram início, foram apenas postergados para o próximo anoâ€.

Sem vacina, sem desfile
Em nota, a Secretaria de Cultura de Santos informou que não existe possibilidade de realização dos desfiles das escolas de samba em Santos antes de os níveis de imunização da população contra a Covid-19 chegarem a patamares aceitáveis pelas autoridades de saúde. A decisão, ainda segundo a pasta, leva em conta o grande número de pessoas que participam e assistem aos desfiles.

A Secretaria afirmou também que, desde de março do ano passado, vem prestando assistência para toda comunidade artística da cidade, mantido diálogo constante com os movimentos culturais.

Foto da capa: Divulga̤̣o/Isabela Carrari РPrefeitura de Santos

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Ed.32 – Fevereiro de 2021: Edmur Mesquita, da vida pública à convivência com a doença de Parkinson