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Santos / Esporte

Atacante Kaio Jorge recebe homenagens após Mundial

Anderson Firmino 

Da Agência Só Esportes 

O Mundial sub-17 terminou no último domingo (17). Mas, para o atacante Kaio Jorge, talvez ele pudesse nem terminar tão cedo. A euforia da conquista pela seleção, além de colocá-lo nos holofotes (embora seja extremamente tímido), rendeu homenagens de um lugar muito especial: o Colégio Santa Cecília.  

Foi o que aconteceu nesta sexta-feira (22). No Ginásio Poliesportivo Laerte Gonçalves, alunos, professores e corpo diretivo da Unisanta saudou a cria ceciliana, que estudou ali por dois anos. Na plateia, a garotada saudou o campeão mundial – talvez sonhando, um dia, ser um Kaio Jorge. Mas cientes de que a tarefa é árdua. Tudo a seu tempo. 

Paulo Padula, de 12 anos, sabe bem disso. Campeão de torneios de Futsal escolar – como Kaio – ele, que é atacante “de beirada de campo, tipo Soteldo”, tem consciência de que a escalada é longa. “Quero fazer o meu caminho, com muito trabalho e dedicação”, diz o menino, que atua no sub-13 do Peixe.  

Além das competições 

Pró-reitor administrativo da Unisanta, Marcelo Teixeira sabe bem a força que a garotada pode ter num time de futebol – foi em sua gestão que os meninos Diego e Robinho comandaram o peixe na campanha do título brasileiro de 2002. Mas, para ele, o talento nos campos, quadras ou piscinas não é o único atributo que interessa.  

“Não é apenas o conhecimento adquirido nos bancos escolares que servirá para eles no futuro. A vida esportiva é limitada. Sobrarão lembranças desse momento, mas o que queremos é a formação completa, integral”, explica Teixeira.  

O exemplo trazido por Kaio Jorge deve ser considerado pelos jovens alunos – mas não só isso. Um espelho robusto, de imagem nítida, em todos os seus aspectos. “É um espelho, mas é importante que seja um reflexo nele tanto como campeão mundial, mas também como bom aluno. Não basta apenas tê-lo como uma referência esportiva. Queremos que todos sejam como o Kaio é – uma pessoa humilde, simples, mas muito determinada. E aprendendo o que é ganhar e, sobretudo, quando se perde, ter forças para reagir”. 

O jogador ganhou quadros com fotos que remetem ao seu período no Colégio Santa Cecília, além de bolsa integral para qualquer curso da Unisanta, presencial ou a distância. E Marcelo Teixeira ganhou a camisa 9 de Kaio Jorge, com o nome do jogador às costas, similar à utilizada na campanha vitoriosa do Brasil. 

Satisfação no retorno 

Kaio Jorge é de poucas palavras, fruto do jeito tímido. Mas sabe bem como agradecer e o quanto é importante sua presença ao lado de meninos sonhadores – como ele já foi um dia. “ Ter o carinho da criançada é muito importante. Estou muito feliz. Sonhei com esse momento e hoje aconteceu”. 

Kaio Jorge foi artilheiro do Brasil na competição, com cinco gols, o que lhe rendeu a Chuteira de Bronze o torneio da Fifa. Lembrar das partidas c da campanha brasileira é fácil, especialmente da dramática virada na semifinal, contra a França, e da decisão contra o México. Para ele, o empenho do time foi fundamental.  

“Todo jogo, para mim, foi uma decisão. Mas o jogo que mais marcou foi contra a França, na semifinal. O jogo parecia perdido e tiramos forças de onde não tinha. Mas a equipe foi batalhadora e conseguiu a virada”, relembra.  

Aflição e confiança 

Se o empenho no campo para as partidas decisivas coube a Kaio e os demais companheiros, a parte aflitiva ficava por conta de dona Atenas Karina, mãe do jogador. Ela acompanhou a campanha de perto, mas fez sua parte com louvor: sofreu, apoiou, comemorou.  

“Foi tudo mais difícil, porque sou mãe. Todo mundo te olha, quer ver sua reação. Mas, ali, a emoção fala mais alto. Na hora dele bater um pênalti, o coração da mãe fica bem apreensivo, mas com a fé de que tudo ia dar certo. No final de tudo, já sabia que a gente seria campeão mundial”, descreve Atenas.  

Funil estreito 

Das três conquistas anteriores do Brasil, de um número grande de atletas, apenas dois jogaram uma Copa do Mundo (Adriano e Ronaldinho), e apenas o ex-craque do Barcelona foi campeão com a Seleção. Sinal de que o funil é realmente estreito. Kaio Jorge sabe bem disso, mas a mãe, zelosa, está sempre por perto para lembrá-lo.  

“Nunca está bom. Sempre tem que buscar mais e mais, estar se aperfeiçoando. Essa disciplina dele é importante. Ele é de assistir jogos, do passado e do presente e vai absorvendo um pouco de cada. O Kaio sabe que o funil é apertado e que, se ele não buscar, não ir atrás, vai ser apenas mais um”. Ali, na quadra da Unisanta, pelo menos nesta sexta, Kaio foi “o cara”. 

 

Imagem: Ivan Storti.