São Paulo — O Ibovespa tem alcançado recordes atrás de recordes. Ontem, o principal Ãndice da Bolsa chegou aos 81.189 pontos — a maior alta nominal registrada em seus 50 anos.
Em termos reais, no entanto, o Ibovespa está bem longe de sua máxima. Isso porque a pontuação considera o valor das empresas que compõem o Ãndice. Tal valor é apurado em reais, mas não desconta a inflação.
“Se for considerada a inflação entre o último pico do Ibovespa, que foi em 2008, e agora, ela chega a 72%â€, explica o economista Fernando Marcondes, planejador patrimonial do Grupo GGR.
Para o cálculo, Marcondes usou o Ãndice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do perÃodo. “Se a inflação for descontada, o recorde da Bolsa seria próximo dos 130 mil pontosâ€, afirmou o economista,
Bolha?
A sequência de altas do Ãndice fez alguns investidores questionarem se o mercado brasileiro estaria vivendo uma nova bolha.
No ano, a Bolsa já acumula alta de 6,27%. Dos 12 pregões realizados em 2018, apenas três terminaram em baixa.
Para Michel Viriato, coordenador do Centro de Finanças do Insper, por mais que o mercado reconheça as dificuldades que o PaÃs enfrentará este ano, os recordes estão longe de ser injustificados.
“Não é uma bolha, está longe disso. Se fala em bolha quando a alta não é sustentável ou não se justifica. Não é esse o casoâ€, disse em entrevista à Agência Estado.
“As pessoas dizem que o investidor brasileiro está eufórico, mas é o mundo que está eufórico. O Brasil não está subindo muito mais que as Bolsas americanas. O mundo, em geral, está com baixa inflação, juros controlados, crescimento sustentável e lucros crescentes. O humor é justificado, mas isso não significa que o dever de casa não precisa mais ser feito. A Bolsa brasileira poderia ter atingido esse patamar de 81 mil pontos muito antes, se as reformas tributárias e da Previdência tivessem avançadoâ€, afirmou Viriato.
“A alta lá fora se justifica porque o lucro das empresas surpreendeu o mercado. Também teve uma reforma tributária nos Estados Unidos, que ajuda e não há um medo forte de que o Banco Central americano suba jurosâ€, disse.
Fonte: Exame