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Santos / Cotidiano

Todo dia é dia de pizza

Por Silvia Barreto e Ted Sartori
Da Revista Mais Santos

Quando Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle compuseram a música Alegria da Vida, na década de 1970, para a abertura do programa infantil Vila Sésamo, exibido pela Rede Globo e da TV Cultura, eles não estavam pensando em pizza. Mas, a se avaliar os primeiros versos da letra, bem que é possível lembrar dela. Afinal, “todo dia é dia, toda hora é hora†de comer a redonda tão popular no Brasil quanto uma outra, a bola de futebol.

Comemorado neste domingo, 10 de julho, o Dia da Pizza surgiu em junho de 1983, a partir de um concurso realizado no Sesc Pompéia, na Capital, durou duas semanas e foi desenvolvido entre pizzaiolos paulistanos para escolher a melhor de São Paulo.

A ideia surgiu quando Caio Luiz de Carvalho era coordenador de Turismo do Estado de São Paulo, que tinha Franco Montoro como governador, e veio da mente do publicitário Carlito Maia, na época trabalhando na TV Globo.

A data surgiu de uma brincadeira de uma assessora de Caio. Os pizzaiolos queriam uma rápida definição e ela sugeriu 10 de julho, para que houvesse tempo hábil para a organização do que aconteceria – no caso, seria o dia da pizza com desconto. Era o dia do aniversário do coordenador de Turismo. E assim ficou.

Porém, a pizza desembarcou em São Paulo muito antes, no final do século XIX. Ela foi trazida por imigrantes italianos. Antes mesmo que houvessem pizzarias, era costume consumir discos de massa coberta nas ruas como se fosse um lanche a qualquer hora do dia ou da noite.

Na Itália, elas eram vendidas por garotos que carregavam pequenas estufas de cobre e pizzas semiprontas, mantidas quentes sobre brasa de carvão. A partir dos anos 1950, as pizzarias se multiplicaram por todo o País, consolidando um ritual de saboreá-las no domingo à noite, considerado por excelência o “dia da pizza†no Brasil. “Mais recentemente percebe-se que o dia da pizza é toda noite e até mesmo todo dia, embora as noites de sábado e domingo ainda sejam as mais agitadas nas pizzariasâ€, afirma Americo Carreiro Vieira Júnior, diretor do Sinhores (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Baixada Santista e Vale do Ribeira) e proprietário da Cantina Babbo Americo, no Gonzaga, em Santos.

Tendências e tradições

Jornalista de formação, Rafael Batalha enveredou-se também pela gastronomia há alguns anos e criou a Paolo Pizza, no Boqueirão, em abril de 2020. A inovadora proposta era trazer a receita tradicional de
Nápoles, na Itália, para a região, mas com um toque de modernidade e algumas adaptações. Como não poderia ser diferente, ele é fã da redonda em qualquer período do dia.

“Sou suspeito para falar. Como pizza no café da manhã, no almoço e na janta. Infelizmente, a cultura brasileira não tem esse hábito, o que dificulta as operações das pizzarias fora do horário tradicionalâ€, afirma Rafael. As pizzarias nos shoppings é que fogem desse padrão, vendendo a partir do almoço, quando as praças de alimentação começam a funcionar.

Por outro lado, as pizzarias com sistema de rodízio – em que o cliente paga um valor fixo e pode comer quantos pedaços conseguir – são minoria neste mercado com tantas opções. E razões existem. “Alguns dos motivos são econômicos por parte do restaurante, por conta da lucratividade desse formato. Também podemos perceber uma alteração no comportamento do consumidor, que tende a procurar hoje em dia mais qualidade do que quantidade. Percebe-se a diminuição dos rodízios e a chegada de outros tipos de pizza, como as napolitanas, as americanas e outrasâ€, justifica Americo. “Existe mercado para tudo, mas acredito que a chegada de pizzas como a nossa, neonapoletana, tem deixado o mercado mais diversificado. No nosso caso, o cliente prefere a qualidade à quantidadeâ€, ratifica Rafael.

Um ingrediente, porém, segue intacto nas pizzas: o tempero familiar. “Nossas preferências por comidas estão intimamente ligadas às lembranças e uma boa parte do sucesso da pizza se deve a isso.
Quando comemos uma pizza, quantas boas recordações de encontros com família, amigos ou a pessoa amada vêm à cabeça? Podemos ver a pizza com grande destaque desde o lanche rápido, passando pelo café da manhã no dia seguinte ou em uma refeição especial. Hoje em dia continua da mesma forma: podemos ver a pizza na mesa da família naquele domingo à noite, cortada como aperitivo em algum pizza bar com decoração moderna e gente descolada até na saída do estádio por preços baixíssimosâ€, define Americo.

Lembranças recheadas de amor

Tradição e lembranças. Para a apresentadora, escritora e coach Bianca Pagliarin, de 41 anos, a pizza remete a sua infância e a “rotina” semanal. “Sempre íamos à mesma pizzaria no Bexiga, e até hoje o cheiro da pizza me leva de volta à minha infância. Todo domingo, voltando da igreja, era rotina ir na pizzaria. Hoje em dia, quando como pizza com meu filho, encaro como um momento feliz e leve, e sei que estou compartilhando algo especial com as pessoas que amo. Pizza é amor”, relembra.

Entre as suas preferidas estão os recheios de quatro queijos, frango com catupiry e palmito com queijo. As pizzas doces – normalmente combinações de frutas – resistem nos cardápios, mas ainda não são unanimidade. “Eu gosto muito, mas não costumo comer por causa do açúcar”, pondera Bianca.

Há algum horário determinado para apreciar essa opção? Para ela não: “Pizza do dia seguinte, gosto, claro”, destaca em tom descontraído.

Mesmo no período de dieta, Bianca não dispensa um pedaço. “A tática é comer só o recheio e, durante a época de dieta, dar uma segurada na massa. Isso porque a pizza é especial, não pela pizza em si, nem só porque é uma delícia, mas porque faz parte de minhas lembranças e sempre que podemos, quando nos reunimos em família, nos certificamos de pedir pizza porque não é a mesma coisa sem ela. Aprendi a comer pizza com minha família, e pizza sempre será uma das minhas comidas
favorita”, reforça.

Fotos: Divulgação e Arquivo Pessoal