Da Redação
Como em uma viagem no tempo, passear pelas ruas do Centro Histórico de Santos nos transporta dos dias atuais para séculos passados. A pintura artÃstica de suas edificações é quase tão antiga quanto a construção das casas. E, pensando na importância da preservação e conservação dos patrimônios culturais santista, a Prefeitura deu inÃcio no mês de setembro ao trabalho de revitalização da pintura em duas salas do Outeiro de Santa Catarina.
O monumento, que passou atualmente por reformas estruturais, é o marco da fundação da Vila de Santos e abriga um acervo fotográfico com fotos e negativos, originais e reproduções, que datam do final do século 19 até os nossos dias.
O trabalho altamente minucioso está sendo realizado pelas restauradoras de pintura Andreia Naline e Márcia Nicolau e inclui a raspagem das velhas camadas de tinta (todas de cal e algumas em cimento) com bisturi cirúrgico ou decapante quÃmico, utilizado com muito cuidado para não danificar os desenhos já encontrados.
“Aos poucos vamos encontrando a pintura e desenhos originais do espaço e vamos abrindo janelas didáticas, para que as pessoas possam identificar o original do que foi restaurado”, falou Márcia Nicolau.
Segundo elas, a alteração urbana, sofrida com o passar dos anos e com o progresso, fez com que a pintura original do patrimônio fosse deteriorada. “O nosso maior objetivo é trazer de volta as caracterÃsticas originais do imóvel, trazer de volta o antigo”, afirmou.
Ainda segundo as restauradoras, toda a pintura artÃstica encontrada no local está sendo restaurada. “Estamos na fase de identificação de toda pintura original da sala. O que não conseguimos manter originalmente vamos, a partir dele, fazer a recomposição desses desenhos nas áreas perdidas, e refazer com a mesma técnica utilizada, toda a pintura original, com as mesmas cores e desenhos”, explicou Andréia Naline.
Para a diretora técnica da Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams), Wânia Seixas, esse trabalho de revitalização da pintura das salas do Outeiro de Santa Catarina mostra o cuidado da Prefeitura com o patrimônio histórico da nossa Cidade.
“ConcluÃmos a reforma desse monumento, trazendo vida a esse espaço tão importante para Santos e, quando descobrimos essas pinturas, vimos que não poderÃamos deixar de resgatar mais essa obra, que o tempo e o desgaste natural e histórico causaram. Por isso, estamos realizando esse trabalho de restauração nessas salas, que passaram por várias fases da nossa história”, ressaltou.
Para a realização de todas as etapas da requalificação das pinturas, serão necessários, segundo a prefeitura, em princÃpio, cerca de três meses de obras e um investimento de aproximadamente R$195 mil por parte da gestão municipal. O processo é gerenciado e fiscalizado pelo Departamento de Obras da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Edificações (Siedi).
Casa acastelada
No século 16, Luis Góis e sua mulher ergueram, na base do pequeno morro, a Capela de Santa Catarina de Alexandria, junto à qual foi construÃda, em 1543, a primeira Santa Casa do PaÃs. Durante anos, o outeiro forneceu pedras para o calçamento das ruas e a ampliação do porto. Entre 1880 e 1884, o médico italiano João Éboli mandou construir uma casa acastelada no bloco de rocha que restou do monte.
Foto: Francisco Arrais/Divulgação PMS