Da Redação
As obras no Pantheon dos Andradas, no Centro Histórico de Santos, estão avançando. O local histórico está sendo preparado para as festividades do Bicentenário da Independência. E, durante os trabalhos de restauro conservativo, uma preciosidade foi encontrada: letras em ouro, gravadas nas paredes com o nome dos Andradas, datadas de 1923, quando o espaço foi inaugurado.
Inicialmente, foi aplicada folha de ouro na escrita e, mais tarde, o local foi pintado. E é esse o objetivo do trabalho no Pantheon dos Andradas, que tem previsão de conclusão para o mês de setembro. Mostrar a arte original do espaço para os visitantes.
“O trabalho é delicado e precisa ser feito com muita calma e habilidade. A equipe de restauro trabalha nos elementos decorativos e prospecção, método investigativo por meio de raspagem das diversas demãos de tinta até chegar à camada original”, diz o arquiteto Roger Guerra, da Secretaria de Infraestrutura e Edificações (Siedi).
Restauro vai do chão aos tetos
Os serviços começaram pelo portão e pela grade de ferro, janelas de madeira, e por intervenções no telhado e sótão. O telhado está sendo recuperado e impermeabilizado. Sob as telhas originais, de barro, é colocada uma subcobertura com telha metálica, para proteção contra infiltrações.
Com o projeto de restauro conservativo elaborado pelo arquiteto Ney Caldatto, da Siedi, são corrigidos problemas decorrentes da deterioração causada pela poluição do ar e tráfego de veÃculos e de intervenções antigas.
Os trabalhos envolvem ainda a criação de iluminação cênica para valorizar toda a arquitetura interna e externa; reconstituição de partes de alto-relevo em gesso e placas de mármore, limpeza e polimento das paredes e do piso em mármore.
Receita especial para recuperação da cor original
O método de restauro é como uma receita de bolo. Precisa de ingredientes muito bem escolhidos, nas quantidades exatas e misturados com cuidado. Assim está sendo recuperada a cor original das paredes do Pantheon dos Andradas.
Com a prospecção, os restauradores, especializados nesse tipo de obra, chegaram à camada original do reboco, feita de areia sem cimento. A partir daÃ, utilizaram uma receita que eles próprios criaram para a recuperação, uma massa elaborada com pasta de cal e pigmentada com limonita (óxido de ferro de cor ocre) e pó xadrez.
Depois que a massa seca, é aplicada cera de carnaúba derretida em natura e diluÃda em aguarrás. O último passo é a execução do friso e do rejunte, com massa pura branca (carbonato de cálcio precipitado), sem pigmentação e sem cera.
Integração à Praça
Quando as obras no Pantheon dos Andradas forem concluÃdas, o monumento em homenagem a José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, e seus irmãos, se integrará à praça, que ganhará uma estátua instagramável da figura do mais ilustre dos santistas.
A obra de valor estimado em R$ 1,5 milhão é custeada pela empresa Santos Brasil, que se responsabilizará também pela aquisição da escultura em bronze do Patriarca, que ficará na Praça Barão do Rio Branco.
O custeio corresponde a medidas compensatórias pelo funcionamento de um centro logÃstico e industrial aduaneiro (Clia) da empresa, no bairro Alemoa, na região conhecida como Marginal Sul da Anchieta.
Foto: Francisco Arrais/Divulgação PMS