Por Silvia Barreto
Da Revista Mais Santos
Todo ano, durante o mês de maio, o comércio e as redes sociais são inundadas por ofertas de presentes, declarações e fotos com a personagem principal deste período: as mamães.
Hoje é o grande dia. Mas, afinal, como definir essa figura familiar? São aquelas ou aqueles que independentemente de gênero, laço biológico ou presença física, acompanham seus filhos em etapas e momentos da vida. Estão presentes para atuar como mãe/pai ou pai/mãe, dando o suporte necessário para o crescimento pessoal e físico dos filhos, compartilhando seus risos, choros, lutas e conquistas.
A reportagem da Revista Mais Santos traz duas histórias de superação e exemplo. Independentemente da figura familiar, são eles que “seguram a onda” e abdicaram de sua vida pessoal para ganharem algo inabalável: o amor dos filhos.
A educadora Claudia Furquim, 52 anos, é mãe da Maria, 14. Após três anos de iniciar sua experiência materna, ela se viu sozinha nesta missão. “Perdemos o papai Rener quando Maria ainda tinha 3 anos. Foi tudo muito complicado, doloroso e difícil. Mas a vida seguia e eu tinha meu sonho realizado, precisando de uma mãe poderosa para criá-la, amá-la, ensiná-la a encarar a vida! E tenho feito com todo o orgulho e amor”, relata.
Ela lembra de cada momento vivido, desde o nascimento de sua filha. “Quando minha Maria nasceu, meu médico olhou nos meus olhos e disse: nasce uma mãe agora, pegue sua bebê!!! Naquele momento, nós duas éramos uma só (já éramos quando ainda ela estava na barriga – risos). Nascia ali o amor mais puro e infinito do mundo, o meu maior sonho de vida estava nos meus braços, do meu lado, um ser de luz indefeso, um ser sonhado, minha filha maravilhosa!!”, celebra.
Tanta força e determinação tem origem na história de vida de sua mãe. “Toda essa força, garra veio da minha mãe, que me ensinou a enfrentar a vida como ela é, correr atrás dos meus sonhos e encarar os problemas e as adversidades da vida com coragem, resiliência e sabedoria. Assim sigo, sendo uma mãe solo ao lado da melhor filha do mundo”, garante.
Apoios
A família, bastante presente, fortalece e ajuda a enfrentar o dia a dia. Claudia conta que suas irmãs têm papel importante nesse processo de educação e criação da Maria. “Minhas irmãs, em especial a Sandra, me ajudam e apoiam muito. Elas nunca me faltam, graças a Deus. É muito amor envolvido”, conta.
Para enfrentar tantos desafios, há a parceria de ambas como algo que lhes fortaleça. “Foi depois de ser mãe que eu percebi o verdadeiro tamanho da minha coragem. Maria me fortalece, me encoraja, me faz sentir poderosa. É algo sublime a imagem que ela tem de mim. Me sinto uma ‘Deusa’ no mundo de Maria, e isso me traz uma satisfação e um sentido de dever cumprido (e que ainda tem muito a fazer) que sinceramente é algo extraordinário”.
Mesmo diante dos desafios, Claudia se diz realizada pelos momentos vividos ao lado da filha e sua importância na vida dela. “Foi fácil? É fácil? De jeito nenhum. Desde o nascimento da Maria, há 14 anos, foram as melhores e maiores experiências que tive ao lado dessa guerreira que me escolheu para encarar essa vida e me fazer feliz e realizada. Ser mãe é tudo num corpo só. Particularmente ocupo vários papéis na vida da minha filha: mãe, pai, avó, avô, amiga, companheira, migs e tudo mais”, completa.
Time do amor
“Acordamos, tomamos café, vamos para a escola, faço minhas coisas e busco eles. Em casa, comemos, brincamos e conversamos muito”. A rotina é relatada pelo fotógrafo Yoshio Magário, 38 anos, com os filhos Rafael, 4, e Danilo, 6.
Para cuidar dos filhos, Magário decidiu abrir mão, inclusive, de um emprego fixo que tinha no Poder Público em São Vicente. Após 14 anos, pediu exoneração para poder ter horários mais flexíveis e estar mais próximo deles. A rotina é dividida entre os estudos e dividir o tempo juntos. “Não dá para ir para a Prefeitura de manhã e trabalhar 40 horas semanais. Preciso levar meus filhos na escola e buscá-los. Não tem como ficar muito tempo fora, pois preciso acordar e dar banho e almoço para eles”, conta.
O cuidado de Yoshio é com as questões pessoais dos filhos. “Me preocupo com o psicológico deles, quando começarem a entender sobre a mãe. Preocupo-me muito com a parte financeira, porque eles dependem de mim. Claro que um tio ou uma tia dão um presente, como um ovo de Páscoa, um presente de Natal, mas no dia a dia não tenho ajuda. Não peço. Sempre trabalhei”, relata, contando que a mãe, em 2019, decidiu ir embora e, desde então, ele atua em todos os papéis em casa, inclusive com o custo total da criação dos filhos.
Com a mudança de vida, ele é sempre muito positivo com as experiências vividas. “Não me considero uma vítima. Toda a situação é encarada pelo lado positivo. É como um presente para mim ter a oportunidade de estar direto com os meus filhos, estar sempre presente – não que não fosse antes. Lógico que nem tudo são mil maravilhas, tem muito estresse. Como eles são muito pequenos, dependentes, eu não tenho minha vida própria. Minha vida hoje é eles. Não consigo ter um relacionamento. Já tentei, mas trabalho nos finais de semana ou, se tiver com alguma folga, estou com os meninos. Não tem como eu sair com alguém, viajar. Mas entendo que é preciso ter paciência e que faz parte”, descreve.
União
Para conseguir trabalhar, o fotógrafo conta com o auxílio da avó, que fica com os meninos. A mãe voltou a ter contato com os meninos, ainda que de forma esporádica. “Atualmente trabalho com foto e vídeo em eventos sociais. Trabalho todos os finais de semana, tenho algumas festas durante a semana, edito até às 4 da manhã e atendo clientes. Nunca quis terceirizar, colocar babá. Gosto de estar presente”, garante.
As redes sociais e os amigos também ajudam no momento de incertezas. “Como aprendi a ser pai? Não tem nenhum guia, aprendizado. Mas tenho uma rede de apoio no Instagram, com bastante seguidoras que são basicamente mães, que são minhas clientes. Posto tudo nos stories, alguma dúvida, agonia que tenho. Elas sempre interagem”.
A educação dada aos filhos tem como base a ajuda entre eles. “Meus filhos são saudáveis, eles não me dão trabalho. São muito educados. Brincamos que somos um time e, então, eles me ajudam a arrumar a sala de brinquedo deles e as tarefas de casa. Um ajuda o outro. Se todo mundo ajudar o papai, ele termina o trabalho logo, nós conseguimos passear e brincar”, conta, bastante feliz.
O momento descrito como um dos melhores com os filhos é na hora de dormir. “Eles compartilham a cama comigo e dormimos juntos. Eu fico no meio e eles abraçados comigo. Essa é a melhor sensação do mundo”, comemora.
Fotos: Reprodução e Arquivo pessoal