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Santos / Cotidiano

GAPA completa 37 anos mantendo credibilidade junto à comunidade

“Foi uma homenagem, mas também um grito de alerta”, relembra a presidente do GAPA, Nanci Alonso

A princípio, era para ser uma homenagem de um grupo de artistas da Baixada Santista ao cartunista Henfil (1944/1988), que não resistira às consequências da AIDS, após transfusões de sangue por ser hemofílico (na época não havia testagem do sangue). Mas, o manifesto foi além: dali surgiu o GAPA – Grupo de Apoio à Prevenção à AIDS da Baixada Santista, a primeira ONG da região voltada para a síndrome, criada em 11 abril de 1988.

“Foi uma homenagem, mas também um grito de alerta”, relembra a presidente do GAPA, Nanci Alonso. “Ruth Escobar cedeu os direitos autorais da peça ‘Revista do Henfil’ e o pessoal do teatro amador montou o espetáculo, com direção de Toninho Dantas. E começamos a batalha pela qualidade do sangue, que não era testado. As pessoas estavam se infectando e o mito de que a AIDS era uma doença de homossexuais começou a cair por terra, porque os hemofílicos começaram a se infectar também pela transfusão de sangue”.

Preconceito e batalha – “Nossa primeira sede foi no Teatro Municipal, que tinha o Tanah Correa como secretário de Cultura e nos apoiou. Já havia um movimento de apoio aos portadores do vírus em São Paulo; trouxemos a ideia para a Baixada e fundamos o GAPA. E começou a nossa batalha para ter uma sede e atender as pessoas e suas famílias, por causa do preconceito”, diz Nanci. A luta pela testagem do sangue foi a primeira grande bandeira da entidade.

Mas, logo veio a pecha de que Santos era a “capital nacional da AIDS” e a nova entidade ganhou força. “Fomos atropelados com isso. Todo o preconceito ficou ainda maior; tínhamos dificuldade para alugar uma sede, porque as pessoas que moravam no entorno tinham receio. Não havia nenhum remédio específico; os infectados tomavam antibióticos e Complexo B12. Nesses anos todos tivemos uma evolução; hoje, temos uma melhor qualidade de vida para eles, por causa do avanço dos medicamentos, mas infelizmente ainda há preconceito”.

Prevenção, sempre – Nanci pontua que a AIDS não acabou: “Por isso ainda estamos aqui, firmes, na primeira ONG AIDS da região, que surgiu do movimento cultural, tendo o Teatro Estudantil de Pesquisa – TEP, funcionando na época como o braço de divulgação do GAPA. O grupo ia para a rua fazer performances, chamava a atenção das pessoas; a partir da aglomeração, distribuíamos panfletos com informação sobre prevenção”.

Essa é uma atividade permanente no GAPA, que faz parcerias com escolas e empresas, levando informação preventiva, distribuindo preservativos, tirando dúvidas que os jovens têm hoje, já que não vivenciaram os primeiros anos da síndrome.

O GAPA atende hoje 65 famílias de portadores do vírus, com cestas básicas mensais, atendimento jurídico, social e psicológico, além de oficinas ocupacionais de Teatro, Palhaçaria e Artesanato, esta última com incentivo à geração de renda aos atendidos. Isso porque  o tratamento e a instabilidade causada pela doença, muitas vezes não os permitem se manter em um emprego formal.

Toda e qualquer doação de roupas, calçados, utensílios, peças de decoração e material vendável no brechó da entidade é bem-vinda, já que o valor arrecadado reverte para a manutenção da sede e material destinado às atividades diárias. O GAPA tem sua sede na Av. Epitácio Pessoa, 278, no Embaré (próximo ao Canal 5), em Santos, e funciona das 9 às 17h, de segunda a sexta-feira.