Uma foto de três crianças na praia de Itanhaém, no litoral de São Paulo, tem repercutido nas redes sociais desde o inÃcio da semana. Em frente a centenas de bitucas de cigarro que formam a frase “praia não é cinzeiroâ€, o trio ganhou reconhecimento por conta da ação.
A coleta do material, classificado como microlixo, fez parte de uma campanha da ONG Ecosurf, criada há 18 anos. Segundo o diretor do projeto, João Malavolta, o registro fez parte de um dos mutirões feitos semanalmente ao longo do mês de janeiro no municÃpio.
“É um trabalho em parceria com a campanha ‘Verão no Clima’, que busca sensibilizar as pessoas na praia, durante o verão, sobre os efeitos da poluição nesse ambiente. E nós ajudamos fazendo um levantamento sobre o microlixo, que é o que mais encontramosâ€, afirmou.
As crianças, que participaram da ação são de São Paulo e curtiam a praia quando o trabalho começou. “Eles viram os monitores fazendo a coleta e pediram para participar. Disponibilizamos as luvas para não terem contato direto com as bitucas, fizemos a recolha do material e contagem com a ajuda deles e, depois, a foto, com a autorização dos paisâ€, explicou.
Para João, as crianças foram fundamentais na ação. “Para eles foi uma brincadeira, embora tivessem uma baita sensibilidade do problema da poluição”, justifica.
Números que impressionam
Malavolta explicou que, só no dia da foto, foram recolhidos em, apenas 30 minutos, mais de 1.337 filtros de cigarros em uma área de 5.330 metros quadrados – uma média de, aproximadamente, 3,9 filtros por metro quadrado. E não foi a primeira vez.
“Infelizmente isso é uma triste realidade. As bitucas são uma praga na praia, uma ameaça invisÃvel. Geralmente, elas, que são brancas, ficam camuflados na areia e só voltam a aparecer quando ficam molhadas e compactadasâ€, explica.
Além das bitucas, outros materiais também foram recolhidos. No total, foram 1.539 itens em apenas um dia. “Achamos colheres plásticas, tampinhas de garrafa, cabinhos de pirulito, lacres de alumÃnio, palito de dente envolvido em plástico, rótulos em geral, pedaços de sacolas plásticas, entre outrosâ€, explica.
Para João, realizar um trabalho como esse nas praias e conseguir a atenção de vários públicos, como as crianças, é gratificante. “A construção de um mundo melhor, sustentável e democraticamente justo, depende de boas atitudes de todos nós. Esse sentimento de transformação é o que nos move”, finaliza.