Da Redação
Quando exibiu pela primeira vez o clássico “Cântico dos Cânticosâ€, em 15 de março de 1934, provavelmente o empresário Antonio Campos, que já possuÃa outros cinemas na cidade, não imaginou que estava iniciando uma jornada diferente, que viraria o século e chegaria aos 87 anos, completados na última segunda-feira.
Seu filho, Francisco Campos, deu continuidade ao legado, mantido por Antonio Campos Neto, o Toninho Campos. O Roxy acompanhou as transformações da indústria, se atualizou sem perder seu charme e sua essência, viu a chegada da televisão, do VHS, do DVD, do blu-ray, da pirataria e do streaming e seguiu firme e forte, como principal opção dos santistas. Quando os cinemas multiplex chegaram ao Brasil, transformou sua longa sala de 1440 lugares em cinco salas. Pois tamanha história está sob sério risco.
Entretanto, essa linda história corre sério risco de ser interrompida em virtude da crise causada pela pandemia da covid-19, o novo coronavÃrus. Após ficar sete meses fechado e reaberto no inÃcio de outubro, mas sem a costumeira forte presença do público de tempos anteriores, o cinema se viu sem condições de arcar com aluguel e recebeu, recentemente, uma liminar de despejo.
“Um amigo perguntou esses dias desde quando estou no Cine Roxy. Respondi que desde que nasci. Minha vida está aqui. Sou grato a Santos por tudo e tenho tentado devolver esse carinho aos santistas ao longo dessas décadas. Com a pandemia chegamos num momento extremamente difÃcil e estamos procurando saÃdas. Já fizemos empréstimos, usamos a pequena ajuda do governo, mas não sabemos mais para onde irâ€, explica o empresário Toninho Campos.
Ele relata a extensão dos problemas financeiros agravados pela pandemia. “Não tivemos entrada financeira durante sete meses e, mesmo após a reabertura, foi muito pouco. Mantivemos nossos colaboradores. São dezenas de pessoas que dependem do Roxy. Vi meu avô e meu pai viverem e morrerem nesse cinema e achei que comigo seria assim também. E ainda espero que sejaâ€, diz Toninho.