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2.0 - REGIÃO

Você é de qual signo?

A pergunta que intitula essas mal traçadas linhas é a que causa mais medo aos que não se incomodam com o zodíaco, muito pior do que a famigerada “e as namorada?” das tias na Ceia de Natal (assim mesmo, sem concordância, de forma mais espontânea, amável e irritante).

Você explica seus problemas no trabalho, nos relacionamentos, nas amizades e lá vem a pergunta tão temida.

Pois há mesmo aqueles que vão veem no céu e nas estrelas as causas por nossos traços comportamentais. Haverá um dia em que os fanáticos por signos baterão às nossas portas nos domingos pela manhã e, quando pensarmos que há algum testemunha de Jeová insistindo pela nossa conversão, serão sorrisos resplandecentes com um livro do João Bidu debaixo dos braços no lugar de uma Bíblia a nos importunar.

– Você é de qual signo? Peixes com ascendente em Capricórnio? Bem, percebi o motivo desse seu mau humor matinal pós-ressaca, o princípio de calvície e a intolerância à lactose que o impede de comer uma pizza feito um hipopótamo desleixado com dietas: está tudo escrito nas estrelas, no zodíaco e no alinhamento dos planetas a milhões de quilômetros daqui – eles diriam.

E nem adianta argumentar que não se importa com essas coisas, pois há os tão fanáticos pela coluna dos jornais que nos indica qual número e cor devemos estar atentos no dia quanto aqueles que pensam que ateus são o anticristo na Terra como o mal em pessoa, alegando que isso funciona, eles acertam, larga mão de ser chato, rapaz.

Enquanto os céticos sem conversão à crença nos signos ouve sua descrição de acordo com algo tão aleatório quanto o sorteio de um bingo, as tais colunas do horóscopo indicam características genéricas do tipo “quem é de Peixes é relaxado com a vida quando está no banho” ou “ai ai ai, coisa de libriano atravessar a rua sem olhar para os dois lados”. O mundo seria mais confortável se essas verdades fossem incontestáveis e as questões de comportamento tivessem mesmo a ver com os meses em que nascemos.

Por enquanto, nossas escolhas seguem aliadas a uma teia de acasos e coincidências, a decisões dos que estão ao nosso redor voluntariamente ou não, como nas amizades e na família, no trânsito, no amor e no trabalho. Esse encontro não casual nos rege, sem nosso controle ilusório, muito mais do que os signos e suas idiossincrasias.