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Região / Polícia

Entidades nacionais, internacionais e políticos querem o fim da Operação Escudo

As entidades informaram que solicitaram em caráter de urgência um encontro com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

 

 

Foto: Divulgação / Polícia Militar (PM)

Por Vinícius Farias

Entidades nacionais e internacionais, como a Ouvidoria do Estado de São Paulo, a OAB, a Comissão de Justiça e Paz, o Human Rights Watch e o Ministério de Direitos Humanos, manifestaram a sua insatisfação com a “Operação Escudo”, que acontece na Baixada Santista, após a morte do soldado Patrick Bastos Reis, que foi baleado enquanto fazia um patrulhamento na comunidade da Vila Zilda, última quinta-feira (27), em Guarujá. As entidades informaram que solicitaram em caráter de urgência um encontro com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Foi divulgada uma nota conjunta entre eles, que pedem o fim imediato da ação policial, que teria causado “efeitos colaterais”, afetando a saúde, educação e a vida cotidiana dos moradores.

Eles lamentam a morte e ferimento dos policiais militares, mas dizem que as ações estão sendo extrapoladas. “A referida “Operação Escudo”, da forma como está sendo feita, além de produzir resultados violentos, é desprovida de inteligência investigativa e técnica policial, transgredindo, de pronto, todas as premissas assentadas quando do julgamento da ADPF 635 por nossa Máxima Corte de Justiça (STF)”, enfatiza a nota.

“O governador do estado [Tarcísio de Freitas (Republicanos)] não pode, antes de concluir todas as apurações detalhadas e técnicas pelos órgãos competentes, declarar que a operação está sendo bem-sucedida. No afã de, no seu dizer, combater o crime organizado até o momento a operação deixou dezenas de mortos civis e impinge à comunidade um ambiente de total insegurança, conforme denúncias de práticas, em tese, de torturas, abusos de direitos, execuções sumárias, além de outras irregularidades, incluindo lacunas técnicas e de preceitos constitucionais.”

De acordo com o documento: “Não há justificativa plausível para se dar continuidade à Operação Escudo, que deve ser interrompida imediatamente, retirando-se todo o efetivo da comunidade onde residem centenas de pais de famílias, idosos, crianças, ora afetados pela referida operação; mesmo porque, nela há flagrantes violações dos preceitos dos Protocolos de Minnesota e Istambul aderidos pelo Estado Brasileiro. “

As instituições também informaram que vão tomar medidas para exigir a investigação da Operação Escudo, além do pedido de reunião com o governador Tarcísio de Feita (Republicanos). “É preciso apontar as inconsistências de justificativas técnicas que obscurecem a tecnicalidade historicamente louvada das policias científicas e seus institutos. É preciso acompanhar cada passo, cada imagem, cada elemento probatório para que o processo transite dentro da mais perfeita legalidade e transparência. Para que nenhuma vida mais se perca, porque a paz e a segurança são frutos da justiça, e não podem ser leiloadas pela ignomínia do crime nem pela insensatez da vingança”, finaliza a nota.

 

As seguintes entidades e políticos assinam a nota:

Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana)
Comissão de Direitos Humanos da OAB SP
Comissão de Justiça e Paz
Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra da OAB SP
Deputada Estadual Ediane Maria (PSOL – SP)
Deputadas Estaduais Mônica Seixas e Rose Soares 
(Movimento Pretas – PSOL – SP)
Deputadas Estaduais Paula Nunes dos Santos e Simone Nascimento 
(Bancada Feminista – PSOL – SP)
Deputado Eduardo Matarazzo Suplicy (PT – SP), presidente da Comissão 
de Direitos Humanos da ALESP
Deputado Estadual Paulo Batista dos Reis (PT – SP)
Human Rights Watch
Ministério de Direitos Humanos e Cidadania do Governo Federal
Núcleo de Cidadania, Direitos Humanos da Defensoria Pública de São Paulo
Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo
Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo
Rede Cristã de Advocacia Popular – RECAP
Vereadora Débora Camilo (PSOL – Santos)
Vereadora Elaine do Quilombo Periférico (PSOL – SP)
Vereadora Luna Zarattini (PT – SP), presidenta da Comissão 
de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo
Vereadora Telma de Souza (PT – Santos)

Operação Escudo 

Foto: Reprodução

O que desencadeou a “Operação Escudo”,  foi a morte do soldado Patrick Bastos Reis, que foi baleado enquanto fazia um patrulhamento na comunidade da Vila Zilda, última quinta-feira (27). A vítima chegou a ser levada para uma unidade de pronto atendimento na cidade, mas não resistiu aos ferimentos. Um outro policial também foi ferido, mas na mão esquerda. Ele foi encaminhado para o Hospital Santo Amaro (HSA), onde passou por um procedimento e foi liberado.

O suspeito de matar Patrick Reis foi preso. Erickson David da Silva, conhecido como “Deivinho”, se entregou no último domingo (30) e teve a prisão temporária mantida por 30 dias.

Na madrugada desta quarta-feira (2), por volta de 2h, o irmão de “Deivinho” foi preso após também se entregar. De acordo com a corporação,  Kauan Jason da Silva, de 19 anos, é suspeito de envolvimento na morte do soldado Reis na última quinta-feira (27).

Segundo a SSP, o Kauan foi o responsável por avisar o grupo de traficantes sobre a chegada de viaturas na comunidade em que eles atuavam.

Mortes e prisões 

Foto: Reprodução

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) divulgou um aumento no número de pessoas presas durante a “Operação Escudo” na Baixada Santista. De acordo com a pasta, 16 pessoas morreram, sendo quatro em Santos e 12 em Guarujá. Subiu para 128 o número de presos durante os oito dias da operação na Baixada Santista. Dentre os detidos, 64 foram detidos em flagrante e 46 eram foragidos da Justiça. Quatro adolescentes foram apreendidos.

O total de drogas apreendidas pelas polícias Civil e Militar chegou a 476 kg. Também foram apreendidas 21 armas entre pistolas e fuzis.

Pedido do suspeito

Em um vídeo gravado antes de se entregar, Erickson pede para que Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, parem com a “matança” de inocentes.  (veja abaixo)

No vídeo, ele diz: “Quero falar para o Tarcísio e para o Derrite parar de fazer a matança aí. Matando uma “pá” de gente inocente. (Estão) querendo pegar a minha família, sendo que eu não tenho nada a ver. Estão me acusando. É o seguinte, vou me entregar. Não tenho nada a ver, entendeu?”

 

Vídeo: Reprodução

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (31), no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, o governador e o secretário Guilherme Derrite, deram detalhes sobre a operação.

Quando perguntado sobre o vídeo feito pelo suspeito, Derrite afirmou que ele foi “uma estratégia do crime organizado”.

Aumento no policiamento 

Foto: Governo de São Paulo

Foto: Governo de São Paulo

Ainda durante a coletiva, foi anunciado pelo governador o aumento do policiamento, além de uma nova unidade policial, em Guarujá.

Segundo Tarcísio de Freitas, as ações se fazem necessárias pois “o tráfico ocupou a Baixada Santista”.