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Região / Polícia

Conta em Tik Tok é monitorada e polícia encontra foragido de crime no Guarujá escondido em BH

Um homem foragido da justiça de São Paulo foi preso no bairro Caiçara, na região noroeste de Belo Horizonte. Bruno Eustáquio Vieira teria matado a própria mãe na casa onde moravam em Guarujá, no dia 21 de dezembro de 2020, e a motivação do crime seria a herança.

À época dos fatos, imagens de câmera de segurança flagraram o momento que Bruno agrediu a mãe, Márcia Lanzane, em um cômodo da casa. No dia seguinte (22), as filmagens mostram Bruno desesperado com a mãos na cabeça, comunicando a morte de Márcia à família.

O suspeito estava foragido em uma casa na altura da rua Atalaia. A prisão do rapaz foi fruto de um incansável trabalho de buscas realizado por uma tia do rapaz, irmã da vítima. Ele estava foragido desde 1º de junho de 2021, quando a Justiça recebeu a sua denúncia e decretou a sua preventiva.

“Na semana passada recebemos algumas pistas. Passamos a verificar um perfil no TikTok e reconhecemos a voz dele. No vídeo só aparecia uma mão alisando uns gatos, mas a voz foi o ponto crucial para concluirmos de que ela é a de Bruno”, detalhou a autônoma Marilza da Quadra, irmã de Márcia da Quadra, de 44 anos, a vítima.

A partir desse perfil, Marilza levantou o suposto endereço do dono do perfil, na capital mineira, e para lá se dirigiu. No domingo (7) à noite, a mulher entrou em conta com a Polícia Militar daquele estado e a informou sobre a existência de um mandado de prisão preventiva contra o sobrinho. A casa onde Bruno estaria refugiado passou a ser monitorada e ele foi capturado tão logo saiu do imóvel. Para poder ser algemado, dois policiais tiveram que deitá-lo no chão.

SIMULAÇÃO

Inicialmente, o caso foi registrado como morte a esclarecer, porque até a hipótese de crime era incerta. O filho só passou a ser suspeito após a necropsia revelar que vítima morreu de asfixia mecânica mediante esganadura, sofrendo inclusive fratura do osso hioide. Testemunhas revelaram que o relacionamento de Bruno com a mãe era marcado por conflitos. Elas também informaram que Márcia possuía câmeras de segurança dentro do imóvel.

Investigadores descobriram que os equipamentos de filmagem foram desconectados do DVR – equipamento gravador e armazenador de imagens –, que sumiu, mas depois foi achado escondido dentro do forno. O acesso às imagens do DVR possibilitou elucidar a dinâmica do crime, mas o acusado apresentou a versão de que não teve intenção de matar a mãe e apenas a empurrou em reação a suposta agressão.

Conforme o Ministério Público (MP), ao esconder o equipamento de gravação, além do homicídio, o réu também praticou o crime de fraude processual, porque inovou artificialmente, na pendência de investigação criminal, o estado de coisa, com o fim de produzir efeito em processo penal e induzir a erro juiz ou perito.

Sem ser localizado após ser denunciado e ter a prisão preventiva decretada, Bruno foi citado por edital. A acusação do MP narra que o réu se formou em Direito, mas não tinha a intenção de trabalhar e começou a pressionar a mãe para lhe custear o curso de Medicina. O rapaz ainda exigiria dela bens e dinheiro para os seus gastos com lazer. Insatisfeito por não ter atendidos os seus anseios materiais, o denunciado decidiu matar a vítima para herdar o seu patrimônio.

O MP atribuiu ao homicídio as qualificadoras do motivo torpe, do feminicídio e do emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Por considerar provada a materialidade e reconhecer indícios suficientes de autoria, a juíza Denise Gomes Bezerra Mota, da 1ª Vara Criminal de Guarujá, decidiu que Bruno deve ser submetido a julgamento popular.