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Região / Festas Populares

Walter Dias, a voz do Ulrico Mursa

Por Lucas Leite

Walter Dias é sinônimo de sucesso no jornalismo esportivo. Narrou grandes jogos do Santos de Pelé, o gol mil do Rei diante do Vasco e, desde 1996, é a voz do Estádio Ulrico Mursa, onde a Portuguesa Santista manda seus jogos. Aliás, Walter coleciona um imenso carinho pela Briosa e pelo estádio onde conheceu sua esposa, Neiva.

Completando 65 anos como jornalista, seu sucesso vai muito além das rádios, onde passou grande parte de sua carreira. Hoje, Walter Dias é comentarista do programa Radar Esportivo, transmitido pela TV COM Santos.

Walter é um apaixonado pelo futebol e acompanha todos os jogos das equipes da cidade: Santos, Portuguesa Santista e Jabaquara, não importa a categoria.

Em um bate-papo com a equipe da Revista Mais Santos, ele contou um pouco mais sobre sua belíssima trajetória como jornalista e falou sobre suas expectativas a respeito do Peixe, da Briosa e do Leão da Caneleira, além de dar dicas para aqueles que pensam em seguir carreira no jornalismo.

Confira abaixo a entrevista completa com Walter Dias:

Como e quando decidiu se tornar repórter?

Sempre tive vontade. Em 1953, com 17 anos, incentivado por amigos, participei de um Concurso de Locutor Esportivo na Rádio Cultura de São Vicente. O concurso tinha mais de 100 candidatos e a acabei ganhando o primeiro lugar.

Você completa 65 anos como radialista/jornalista neste ano, qual é a sua sensação sobre isso?

Muito gratificante. Removi muitos obstáculos. Foi muito difícil, mas, com muito esforço e dedicação, consegui o o meu objetivo de seguir em frente.

Qual foi a partida mais emocionante que narrou?

A vitória do Santos por 6 a 4 sobre a Seleção da Checoslováquia, no Estádio Nacional do Chile em 16 de Janeiro de 1965. Narrei o Hexagonal pela Rádio Piratininga de São Paulo/Cacique de Santos. Muita emoção.

Qual foi o gol mais bonito que narrou?

Vitória do Santos por 4 a 0 sobre a Juventus, na rua Javari em 02 de Agosto de 1959. Estádio abarrotado. Gol de Pelé, maravilhoso. Recebeu de Coutinho na intermediária e sem a bola cair no chão, deu três chapéus em Homero, Clóvis e na saída do goleiro Mão de Onça concluiu. Foi o gol mais lindo que narrei. Maravilhoso. Rádio Clube de Santos.

Qual foi o momento mais inesquecível vivido por você no futebol?

Vários. O gol de Pelé na rua Javari, Santos e Seleção Checa. Vitória da Briosa por 1 a 0, em 1965, em Campinas, contra a Ponte Preta (Rádio Cacique). Despedida de Pelé na Vila, também contra a Ponte Preta (Rádio Atlântica). Milésimo gol de Pelé em 19 de novembro de 69 no Maracanã(Radio Cacique) e muitos mais.

Há quanto tempo você é a voz de Ulrico Mursa, estádio da Portuguesa Santista?

Desde 1996. Tenho um carinho muito grande pela Briosa. Conheci minha esposa em Ulrico Mursa. Minha festa de casamento foi no salão do estádio em 1967. Jamais poderei esquecer.

Qual foi o grande momento que a Portuguesa lhe proporcionou?

A conquista da Fita Azul em 1959. Não acompanhei a delegação, mas narrei a saída do cais do Porto (viajou de navio), a chegada no cais do Rio de Janeiro e viajei com eles até Santos (Rádio Clube). Toda a recepção foi preparada por nós.

Antigamente, os rádios eram o ponto forte na transmissão de eventos esportivos, hoje a TV ocupa esse posto. Como foi para você viver essa mudança?

Tive a felicidade de viver no rádio numa época muito boa. Peguei um certo tempo sem TV e o rádio era o gigante. Acompanhei pela Clube, Cacique e Atlântica e ao “vivo” os grandes momentos do rádio. Narrei jogos do Santos no Brasileiro em todos os lugares do Brasil de 1971 a 1984 pela Atlântica e outros pelo Paulista, Rio São Paulo e etc.

Quais são as suas perspectivas para a Portuguesa Santista em 2019, na volta à Série A-2 do Campeonato Paulista?

As dificuldades serão as de sempre. Sem receita para montar um elenco. Contribuição de Sócios não cobre às despesas de manutenção do clube. A salvação vem de parceiros e patrocinadores. Com tudo isso e esforço de todos, tenho esperança de dias melhores.

Como você enxerga a situação atual do Jabaquara?

Infelizmente, não vejo com bons olhos. É uma pena. Um clube tão querido nas mãos de quem nada entende de futebol. Espero e torço por dias melhores ao Leão que já foi do Macuco, Ponta da Praia e hoje da Caneleira.

Quais são suas perspectivas para o final de temporada do Santos FC?

Está melhorando, após muito vendaval. É preciso união entre todos os alvinegros e paz para encontrar o caminho que foi sempre glorioso.

Como você enxerga a situação dos processos de impeachment contra o presidente José Carlos Peres?

Apesar de muitos não concordarem com a decisão da Assembléia, tem que respeitar e pensar só no clube e bola pra frente. Deixem às diferenças de lado e trabalhem pelo clube.

Qual dica você daria para aqueles que sonham ser jornalistas nos dias de hoje?

É uma profissão apaixonante. Aqui é um grande aprendizado para voos mais altos. É preciso aprender, gostar, dedicar e pensar que você é capaz.