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Região / Festas Populares

Bloco Ba-bahianas Sem Taboleiro toma conta do Carnaval vicentino

Um mar de foliões tomou conta da orla da praia do Gonzaguinha neste domingo (11) para participar do Ba-bahianas Sem Taboleiro, maior bloco carnavalesco do litoral paulista. No total, cerca de 100 mil pessoas seguiram o carro de som a partir das 11h, quando o grupo iniciou o percurso de 1,3 mil metros entre a Praça Vinte e Dois de Janeiro e o píer da Avenida Antônio Rodrigues. O tema deste ano foi “Gente de Casa Faz Milagresâ€.

Conhecido desde 1937 pela irreverência de homens travestidos com roupas femininas, o bloco apresentou um desfile de criatividade. Enquanto a maioria acompanhou tudo na avenida, outra galera preferiu assistir à festa de camarote, observando pelas janelas dos prédios à beira-mar. Parte dos banhistas que aproveitavam o sol de 31 graus também saiu da areia para ver de perto o Ba-bahianas.

Algumas fantasias viraram verdadeiras atrações para demais participantes, que pediam para fazer selfies ao lado dos mais inventivos. Entre os personagens muito requisitados para fotos, estavam o autônomo Pedro Pinna (45 anos) e o segurança Daniel Vieira (51), com adereços de unicórnio. Há dez anos prestigiando ao evento, os dois caíram na farra, acompanhados das respectivas esposas, Jucélia (31) e Odinéia (48). Os amigos contam que as mulheres que compraram as roupas. “Vestimos os dois de unigordosâ€, ironizou Jucélia. “É uma coisa maravilhosa: família unida, sem briga e podendo se divertir na pazâ€, comentou Pedro.

A falta de visão não foi obstáculo para que o morador do Centro de São Vicente, Daniel Silva (61), marcasse presença. Deficiente visual desde os 8 anos de idade, ele caprichou na saia longa estampada e no bustiê, seguindo todo o percurso acompanhado de um amigo como guia. “Nesse momento de crise no Brasil, um pouco de alegria faz bem, sem briga e só felicidadeâ€, comentou Daniel, também muito requisitado a fotos.

Amigos há décadas, Carlos Alberto “Sombra†(57), Cláudio Rodrigo (64), Paulo Mendes (70) e João Carlos Esteves (55) batem ponto no bloco há 25 anos. “Tem mais um integrante que não veio por problemas de saúde, mas ano que vem ele está de voltaâ€, avisou João Carlos. A turma do Catiapoã optou pelo conjunto de típicos vestidos brancos das vendedoras de acarajé da Bahia, permanecendo todo o tempo como abre-alas, ao lado de Edison Rodrigues dos Santos, porta-estandarte pela décima vez consecutiva.

Enquanto muitos participam desde o século passado da brincadeira, outros que sequer nasceram já acompanham o ritmo da folia, como Arthur Miguel, na barriga da mãe Beatriz Montealegre dos Santos (18). “Estou grávida de 7 meses e está tudo ótimoâ€.

A festa também atraiu turistas, como Antônia Aparecida Dias (53) e Marli Simas Santos (56), de São Bernardo do Campo (SP). “Somos vizinhas e todo ano descemos a serra para acompanhar o Ba-bahianasâ€, comentou Antônia.

Trajando roupa do personagem Moranguinho, o operador de máquinas Yago Alba (24) admite que a esposa reprovou o traje, “mas venho mesmo assim para me divertirâ€, revela o morador da Vila Cascatinha, garantindo que as pazes do casal acontecem no mesmo dia. O amigo Leandro Cavalcanti (caldeireiro, 31) dá a dica. “A minha esposa me liberou na boa, mas faço a lição de casa para agradarâ€, admitiu.

SEGURANÇA – Marcado pela paz, o Ba-bahianas sem Taboleiro contou com uma grande participação da Polícia Militar nesse sentido. Em um esquema eficaz, policiais bloquearam as vias de acesso à concentração, realizando minuciosa revista para evitar a entrada de objetos como garrafas e sprays de espuma. “Vamos manter o Carnaval vivo, com empolgação, espírito de brincar e sem violênciaâ€, garantiu o presidente do bloco, Fabiano Cutino.

HISTÓRIA – Inicialmente, o bloco se chamava Bahianas sem Taboleiro (as palavras “Bahiana†e “Taboleiro†seguem até hoje a grafia original). “Toda baiana tem um tabuleiro, mas a nossa é diferente, irreverenteâ€, justifica o presidente de honra, Nazir Elias Stefan, explicando que em meados dos anos 1960 o nome passou a ser “Ba-bahianas sem Taboleiroâ€, em homenagem ao primeiro presidente, Alberto “Babá†Sbravati, falecido em 1957. Em sua primeira edição, no ano de 1937, cerca de 60 foliões foram para as ruas com a proposta de curtir o Carnaval usando trajes femininos.