Na última quinta-feira (18), a Prefeitura de Praia Grande encerrou a série de inaugurações na área da Educação com a entrega da EM Visconde de Mauá, no Bairro Ribeirópolis. O equipamento educacional terá a capacidade de atender até 1440 alunos, do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. A solenidade fez parte da programação em comemoração ao aniversário de 51 anos de emancipação político-administrativa da Cidade.
Localizada na esquina da Avenida Oliveira Lima com a Rua Dois, no Bairro Ribeirópolis, a nova unidade de Ensino Fundamental absorverá parte da demanda atendida pela EM Domingos Soares de Oliveira, que ficará com turmas do 6º ao 9º. Segundo o prefeito Alberto Mourão, a escolha do patrono da EM Visconde de Mauá foi um resgate à memória de uma personalidade do século XIX.
“Diferente do que a história conta, Visconde de Mauá não teve uma vida fácil. Poucos contam que, aos 9 anos de idade ele morava com a mãe no Rio Grande do Sul e foi dado por ela ao tio, que vivia no Rio de Janeiro, só pelo fato de o padrasto não ter aceitado o Visconde”, recordou Mourão. “Ninguém lembra que o primeiro banco fundado por ele abriu falência, pois Mauá sofria pressão da corte realeza que o forçou a apoiar a guerra entre Brasil e Paraguai”.
O prefeito ainda destacou que mesmo com as adversidades, Visconde de Mauá ainda foi um visionário do século XIX, sendo responsável pela criação da primeira ferrovia e a implantação da primeira multinacional, saindo do Brasil para outros países, entre outras ações. “Por isso, quando escolhi o nome de Visconde de Mauá, meu objetivo foi fazer com que os alunos que por esta unidade passarem se espelhem na história desse homem que nunca esmoreceu mesmo com as complicações que a vida lhe impôs”, enfatizou.
O prédio contará com 3.943,92 m² de área construída divididos nos pavimentos térreo, 1º, 2º e 3º andares.
No térreo fica a parte administrativa da unidade escolar formada por recepção, secretaria, salas da diretora, professores e assistente de direção, arquivo morto, almoxarifado, depósito de material de limpeza, quatro banheiros (sendo dois masculinos e dois femininos). Enquanto isso, o 1º andar é formado por pátio, refeitório, área de serviço, despensa, cozinha e banheiros.
Já o 2º pavimento conta com 12 salas de aula, uma de informática, uma multifuncional, quadra poliesportiva, depósito de material esportivo, banheiros e vestiários masculino e feminino. A unidade ainda tem mais 12 salas de aula que ocupam o 3º andar, junto com mais uma sala de informática e a biblioteca.
Patrono – Irineu Evangelista de Sousa (Visconde de Mauá) nasceu em Arroio Grande, no Rio Grande do Sul, no dia 28 de dezembro de 1813. Perdeu o pai cedo e foi entregue, pela mãe, a um tio que vivia no interior de São Paulo. Depois, com 9 anos, acabou indo morar com outro tio, no Rio de Janeiro. Trabalhava em troca de comida e de moradia.
Com 11 anos empregou-se no comércio, conquistando a confiança do patrão. Foi promovido a guarda-livros em 1828. Estava com 15 anos. Dali foi para a companhia importadora de um empresário inglês, da qual acabou se tornando gerente e depois sócio. Em 1839, com a volta do patrão para a Inglaterra, assumiu o controle da empresa.
Em 1845, fundou uma fábrica de navios em Niterói, na então província do Rio de Janeiro. Ali passaram a serem produzidas, também, caldeiras para máquinas a vapor, guindastes, fornos siderúrgicos, tubos para encanamento de água e canhões, entre outros produtos. Com isso, deu grande impulso à indústria brasileira.Em 1850, quando o Brasil entrou em conflito com o Uruguai, o empresário contribuiu com recursos financeiros e canhões para a causa brasileira.
Irineu Evangelista de Sousa investiu nos transportes, especialmente em ferrovias. Foi ele que implantou a primeira estrada de ferro no Brasil, em 1852, ligando as cidades de Petrópolis e Rio de Janeiro. Implantou, também, várias melhorias no Rio de Janeiro, então capital do país. Uma delas foi a iluminação pública a gás. Também foi o idealizador da primeira estrada pavimentada do Brasil, ligando Petrópolis e Juiz de Fora.
Por suas realizações, recebeu do imperador dom Pedro II os títulos de barão de Mauá, em 1854, e de visconde de Mauá, em 1874. Dedicou-se também às comunicações, mandando instalar os primeiros cabos telegráficos submarinos entre o Brasil e a Europa. O telégrafo era na época o meio mais rápido de mandar mensagens a longas distâncias.
Atuou na política, tendo sido deputado pelo Rio Grande do Sul em diversos mandatos. Participou da refundação do Banco do Brasil (que tinha deixado de existir anos antes) e teve seu próprio banco, a Casa Mauá MacGregor&Cia.Uma crise bancária ocorrida em 1864 prejudicou seus negócios. Mauá enfrentou dificuldades financeiras e a forte concorrência de empreendimentos estrangeiros.
Em 1878, pediu falência (ou seja, o fechamento de suas empresas). Pagou integralmente as dívidas assumidas e retirou-se para Petrópolis, fragilizado pelo diabetes. Morreu em Petrópolis em 1889. Era casado com a sobrinha Maria Joaquina de Sousa Machado, com quem teve dezoito filhos, dos quais dez sobreviveram.