Por Alexandre Piqui
A mulher presa por proteger o companheiro suspeito de matar o filho dela, um bebê de um ano e três meses, foi liberada após audiência de custódia na tarde desta terça-feira (07), no Fórum de Santos. O homem permanece detido e foi transferido para o Centro de Detenção Provisória de Praia Grande.
Giulia de Andrade Candido, de 21 anos e Ronaldo Silvestrini Junior, de 22 anos, foram presos na madrugada de segunda-feira (06) após a morte do menino Anthony Daniel de Andrade Moraes. Ele morreu na noite anterior à prisão com marcas de espancamento e mordidas. Os dois levaram a criança sem vida a UPA Samambaia em Praia Grande. O padrasto é o principal suspeito do homicÃdio.
A reportagem do portal MAIS SANTOS entrevistou com exclusividade, Rita de Cássia Dambrosio, presidente da Ong Helpp que ajudava Giulia. Ela conta detalhes da vida em que os dois levavam com as crianças.
Histórico do casal
Giulia, Ronaldo e as duas crianças – o bebê de um ano e outro menino de cinco – frutos de um antigo relacionamento da mulher, vieram de Bauru para a Baixada Santista há cinco meses, após uma série de confusões na cidade do interior paulista.
Ela era casada com Lucas Eduardo de Moraes Godoi Neto, um traficante, que atualmente está preso na cidade natal. Todo esse histórico foi relatado a Rita de Cássia durante os atendimentos realizados pela Ong Helpp. “Ela é uma jovem ambiciosa, deslumbrava dinheiro e praticamente fazia com que o marido ficasse no tráfico de drogas, pois era rentávelâ€, diz a presidente da instituição.
Com o marido detido, a mulher foi morar com a mãe ainda em Bauru. Sem dinheiro, começou a vender tudo que havia no imóvel. Isso gerou uma briga familiar e Giulia saiu de casa indo morar com uma amiga, até então, casada com Ronaldo Silvestrini Junior com quem tem dois filhos. Giulia e Ronaldo tiveram um caso e foram expulsos da residência da ex-amiga que descobriu a relação extraconjugal.
Chegada a Baixada Santista
Em agosto do ano passado, o homem que tem familiares em São Vicente resolveu trazer a mulher e os filhos dela para o litoral. Mesmo desempregados conseguiram uma casa em Praia Grande, mas passavam por muitas dificuldades financeiras.
Giulia soube do trabalho da Ong Helpp, na qual busca dar apoio a mulheres em situação de risco social. “Eu ajudava com cestas básicas, pois ela disse que não tinha nada para dar de comer aos meninosâ€, conta a presidente da instituição, Rita de Cássia.
“No dia que fui lá, os dois tinham brigado e o Ronaldo tinha saÃdo de casa. Ele foi para São Vicente e ela ficou em Praia Grande sozinha. Nós da Helpp ajudamos na festinha de aniversário do menino de cinco anosâ€, conta Rita.
Pouco tempo depois, Giulia disse que estava grávida de Ronaldo. O companheiro voltou para casa e o casal continuou recebendo apoio da entidade. Ela perdeu o bebê durante a gravidez.
Agressões
Nesse perÃodo em que Rita com a Ong Helpp ajudava a famÃlia, não tinha visto sinais de agressões nas crianças. Mas soube por pessoas próximas que Giulia estava usando drogas. Ela se aproximou ainda mais da mulher, pois era necessário passar a situação para o Conselho Tutelar. Ela, então, começou a trabalhar, a princÃpio, em um carrinho de praia. O último contato das duas foi no Natal quando as crianças foram apadrinhadas por voluntários e receberam presentes. Depois disso não se viram mais até acontecer toda a tragédia. “Eu não consegui dormir, tô bem tristeâ€, lamenta.
Rita conversou com o delegado Alexandre Comin do DP Sede de Praia Grande e ajudou em uma vaquinha para bancar o traslado do corpo do bebê que foi levado para Bauru onde será velado e sepultado. A famÃlia da mãe da criança está revoltada com o fato e tenta a guarda do menino mais velho que neste momento está em um abrigo.
Fotos: Reprodução/ Redes Sociais