
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
O ministro do Planejamento, Esteves Colnago, afirmou nesta terça-feira (13) que o salário mÃnimo pode ficar acima dos R$ 1.006 previstos para o ano que vem. Atualmente, o salário mÃnimo é de R$ 954.
O valor foi apresentado em 31 de agosto, quando o governo enviou ao Congresso Nacional a proposta de orçamento de 2019.
O cálculo do salário mÃnimo leva em conta, entre outros pontos, o Ãndice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que deverá ficar acima do previsto pelo governo inicialmente.
Na prática, se o INPC for maior, o salário mÃnimo também aumentará.
“A gente tem uma perspectiva de que o valor do INPC venha um pouco maior do que aquilo que a gente estipulou”, afirmou Colnago nesta terça-feira ao participar de uma audiência pública na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional.
Se confirmado o aumento, esta será a primeira vez que o salário mÃnimo ficará acima da marca de R$ 1 mil.
De acordo com o ministro, cada R$ 1 mais no salário mÃnimo representa R$ 304 milhões em gastos públicos. Isso porque os benefÃcios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aos aposentados não podem ser menores do que um salário mÃnimo.
Fórmula do salário mÃnimo
O reajuste do salário mÃnimo obedece a uma fórmula que leva em consideração o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes e a variação do INPC do ano anterior.
Para o salário mÃnimo de 2019, portanto, a fórmula determina a soma do resultado do PIB de 2017 (alta de 1%) e o INPC de 2018. Como só será possÃvel saber no inÃcio do ano que vem a variação do INPC de 2018, o governo usa uma previsão para propor o aumento.
Além da inflação e do resultado do PIB, no reajuste do mÃnimo de 2019 está embutido uma compensação pelo reajuste do mÃnimo deste ano, que ficou abaixo da inflação medida pelo INPC.
Este é o último ano de validade da atual fórmula de correção do mÃnimo, que começou a valer em 2012. O próximo presidente da República, Jair Bolsonaro, ainda não informou qual será sua proposta para o salário mÃnimo de 2020 em diante.
Bolsa FamÃlia
Na audiência pública no Congresso Nacional, o ministro do Planejamento também informou que o orçamento do Bolsa FamÃlia para o ano de 2019 ainda não foi recomposto, apesar de determinação do presidente Michel Temer.
“Estamos trabalhando nisso. Até hoje, não achamos o espaço [no orçamento]”, declarou Colnago a parlamentares.
O governo enviou no final de agosto ao Congresso Nacional uma proposta de orçamento de 2019 contendo autorização para gastos de R$ 15 bilhões com o programa no próximo ano, mas as necessidades do programa são de R$ 30 bilhões. O Bolsa FamÃlia atende 13,9 milhões de famÃlias de baixa renda.
Para que a dotação fosse recomposta, teria de ser enviada uma mensagem modificativa ao Legislativo – o que ainda não aconteceu.
Os recursos do Bolsa FamÃlia e de outros programas foram bloqueados para que a chamada “regra de ouro” não seja descumprida. Os desequilÃbrios da regra de ouro em 2019 estão estimados pelo governo, na peça orçamentária, em R$ 258,17 bilhões. Se a regra de ouro for descumprida, o presidente em exercÃcio pode incorrer em crime de responsabilidade.
Essa regra impede que o governo contraia dÃvida para cobrir despesas correntes, como o pagamento de salário de servidores. A lei admite que o governo se endivide apenas para fazer investimentos, que podem depois se refletir em crescimento da economia e em aumento da arrecadação.
Por isso, além de não autorizar R$ 15 bilhões para o Bolsa FamÃlia, também não foram liberados para gastos R$ 201,705 bilhões em benefÃcios previdenciários e R$ 30 bilhões do BenefÃcio de Prestação Continuada (BPC) – pagamento de um salário mÃnimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção, nem de tê-la provida por sua famÃlia.
Além disso, também não estão autorizados o pagamento de R$ 9 bilhões em subsÃdios e subvenções econômicas e R$ 2,474 bilhões para Compensação ao Fundo do Regime Geral de Previdência Social.
Reprodução G1