Ser artista é um ofício. Como diz Plínio Marcos, dramaturgo santista, “o ator tem que saber que, para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios”. Pedro Norato, diretor-geral da Escola de Teatro Tescom, montada no bairro Macuco, em Santos, vai além: “É preciso que o ator tenha muita coragem, muita humildade e, sobretudo, um transbordamento de amor fraterno para abdicar da própria personalidade em favor da personalidade de seus personagens, com a única finalidade de fazer a sociedade entender que o ser humano não tem instintos e sensibilidade padronizados”.
Receber aplausos é maravilhoso, mas levar uma indagação pertinente ao público, vê-los transbordar de reflexões sobre seus momentos é melhor ainda. “Aplauso é consequência. Nós, artistas, sempre buscamos chacoalhar as estruturas, provocar reflexão, sensibilizar por meio da arte”, diz Norato.
Na verdade, a vida de Pedro Norato e a esposa Karla Lacerda (também diretora-geral da escola) é mesmo de artista, mas não tem nenhuma relação com futilidades. Casados há 27 anos, eles se conheceram por uma amiga comum e mestra: Iracema Paula Ribeiro, sócia deles na Tescom, que faleceu há alguns anos. A origem foi o Grupo Teatral Uma Mão com Mel fundado pela própria Iracema, em 1976.