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O susto do namoro

Meu grande amigo João Apolo mora já há dez anos em Portugal e conta sempre com agravo o susto que tomou ao pedir a mão de sua atual noiva em namoro, na terra de Camões. 

Os pais da moça, ao ouvirem o nervoso pedido, prontamente responderam ao tímido brasileiro: minha filha é muito jovem; por isso, por enquanto, ela só namora se for com o irmão. 

Oi? Só pode namorar se for com o irmão? Seria um caso de incesto?

Acontece que, no uso formal, o verbo namorar tanto lá quanto aqui no Brasil não pede preposição “com” em seu complemento. Dessa forma, “Eu namoro você”; “Pedro namora Flávia”; “Wagner namora Edgar”; “Érica namora Beatriz”. Simplesmente não se usa “namorar com”, pelo menos na modalidade padrão da língua. 

Meu amigo – além de desconhecer essa informação – não sabia que a preposição “com” dá ideia de “companhia”. Ou seja, ao dizer “só namora se for com o irmão”, eles estavam explicando que só autorizariam o namoro entre ele e a jovem se fosse “com” o irmão dela presente. 

Resumindo. “Namorar alguém.” Esse alguém é namorado. 

“Namorar COM alguém”. Esse alguém é uma simples companhia do casal. 

Passadas as confusões, o casal está feliz, obrigado. Ah! E já decidiram que quando tiverem uma filha, ela só vai namorar se for COM eles, os pais presentes.

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