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Brasil / Cotidiano

O peso histórico do dia 8 de Março

Por Silvia Barreto

Definitivamente, o dia 8 de março não é qualquer data. É o resultado de uma série de fatos, lutas e reivindicações das mulheres (principalmente nos EUA e Europa) por melhores condições de trabalho e direitos sociais e políticos, que tiveram início na segunda metade do século XIX e se estenderam até as primeiras décadas do XX.

Conquistar a igualdade e a justiça, esses são alguns dos objetivos que as mulheres estão lutando para alcançar. Luta essa que começou a muito tempo e que não tem prazo para acabar. A mulher submissa, tratada como objeto, o “sexo frágil”, está cada vez deixando de existir, dando lugar à mulher batalhadora , independente, trabalhadora, ciente de seus direitos perante a sociedade. Vem derrubando tabus, revolucionando tradições, marcando presença em lugares antes restritos somente aos homens.

Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias, que recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas.

Em 1903, profissionais liberais norte-americanas criaram a Women’s Trade Union League. Esta associação tinha como principal objetivo ajudar todas as trabalhadoras a exigirem melhores condições de trabalho. Em 1908, mais de 14 mil mulheres marcharam nas ruas de Nova Iorque: reivindicaram o mesmo que as operárias no ano de 1857, bem como o direito de voto. Caminhavam com o slogan “Pão e Rosas”, em que o pão simbolizava a estabilidade econômica e as rosas uma melhor qualidade de vida.

Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como “Dia Internacional da Mulher” e como forma de obter apoio internacional para luta em favor do direito de voto para as mulheres (sufrágio universal). Mas somente no ano de 1975, durante o Ano Internacional da Mulher, que a ONU (Organização das Nações Unidas) passou a celebrar o Dia Internacional da Mulher em 8 de março.

Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.

Podemos dizer que o dia 24 de fevereiro de 1932 foi um marco na história da mulher brasileira. Nesta data foi instituído o voto feminino. As mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo.

IGUALDADE – Já foram erradicadas do mundo 90% das disparidades no que se refere a educação e saúde. Entretanto, nenhum país possui igualdade total entre homens e mulheres. Os pontos mais problemáticos continuam a ser a oportunidade profissional e econômica e a participação na política.

Mesmo na Suécia, país que está no topo do ranking de igualdade, uma mulher recebe 71% do salário de um colega na mesma posição. E, nos Estados Unidos, somente 15% dos cargos parlamentares, ministeriais e de chefes de Estado eram ocupados por mulheres em 2005.

No Brasil, existem três grandes obstáculos: o abismo salarial entre os dois sexos, os poucos cargos políticos ocupados por mulheres e a desigualdade no acesso à educação. As mulheres ocupam a maioria dos bancos das universidades (quase 60%) e estudam mais que os homens, mas, em termos proporcionais, ingressam menos que os homens no Ensino Fundamental.

A participação no governo também é desigual, apesar de mais da metade da população ser do sexo feminino. No Poder Legislativo, por exemplo, a média de mulheres é de apenas 12%.

CONQUISTAS – No Brasil, o primeiro marco foi em 1932, quando foi estendido à mulher o direito ao voto. Em 1988, veio a maior conquista: a Constituição Federal, que consagrou, pela primeira vez na história do País, a igualdade de gênero como direito fundamental. Em 2002, o Novo Código Civil consolidou as mudanças constitucionais.

Portanto, no aspecto legal, nada poderia obstruir a igualdade de gênero no Brasil. Então, o que tem impedido que ela aconteça na prática? É principalmente a barreira cultural o que impede a ascensão feminina a altos cargos nas empresas e no governo, especialmente em áreas não relacionadas à saúde, educação ou assistência social, campos tradicionalmente reservados às mulheres.

Recentemente, em 2006, a Lei Maria da Penha definiu um novo marco na proteção dos direitos das mulheres. Muitos são os resultados alcançados pelas mulheres, mas tem-se muito pelo que lutar. O preconceito, a discriminação, a violência, as desigualdades sociais ainda são um tormento que atingem a mulher em cheio. As mulheres não devem silenciar, devem ir atrás de seus direitos e nunca deixar abater pelos obstáculos que a sociedade impõe. Devem trabalhar em grupo, denunciando e reagindo contra a impunidade para que seja reconhecida e respeitada como seres humanos.

 As cercas de 6.000 militantes das causas feministas do Brasil distribuídas em 1.000 ONGs e conselhos da condição da mulher têm de reconhecer: além da multiplicação de siglas e cargos, pouco tem sido feito, nos últimos anos, para melhorar a vida das brasileiras. Mas podem comemorar muitas vitórias.

Comemore-se por não existir mais homens saindo livres de tribunais, depois de matar mulheres. Comemore-se as 255 delegacias de mulheres espalhadas em todo o país. Comemore-se porque existem as que perderam o medo e lembram da triste experiência de terem feito aborto clandestino.

O movimento das mulheres prossegue lentamente em sua luta: 50,7% da população ou mais ou menos 79.632.032 são mulheres. Elas estudam mais que os homens: 52% estudam de quatro a sete anos; 52% estudam de oito a dez anos; 55% estudam de onze anos a mais. 27 milhões de brasileiras trabalham.

Marcos das Conquistas das Mulheres na História

– 1788 – o político e filósofo francês Condorcet reivindica direitos de participação política, emprego e educação para as mulheres.

– 1840 – Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros dos Estados Unidos.

– 1859 – surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres.

– 1862 – durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na Suécia.

– 1865 – na Alemanha, Louise Otto, cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs.

– 1866 – No Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exigindo o direito de voto para as mulheres inglesas.

– 1869 – é criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres.

– 1870 – Na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina.

– 1874 – criada no Japão a primeira escola normal para moças.

– 1878 – criada na Rússia uma Universidade Feminina.

– 1893 – a Nova Zelândia torna-se o primeiro país do mundo a conceder direito de voto às mulheres (sufrágio feminino). A conquista foi o resultado da luta de Kate Sheppard, líder do movimento pelo direito de voto das mulheres na Nova Zelândia.

– 1901 – o deputado francês René Viviani defende o direito de voto das mulheres.

– 1951 – a OIT (Organização Internacional do Trabalho) estabelece princípios gerais, visando a igualdade de remuneração (salários) entre homens e mulheres (para exercício de mesma função).

Você sabia?

– No Brasil, comemoramos em 30 de abril o Dia Nacional da Mulher.

– Hattie Mcdaniel foi a primeira atriz negra a ganhar uma estatueta do Oscar. O prêmio, recebido em 1940, foi pelo reconhecimento de sua ótima atuação como atriz coadjuvante no filme ” E o vento levou …”.

Depoimentos
O papel da mulher na sociedade atual

Neste novo milênio há um nítido amadurecimento da democracia com a crescente igualdade de oportunidades entre os gêneros. A mulher na sociedade atual ao buscar a qualificação acadêmica, vem ampliando as possibilidades do seu progresso individual enquanto profissional com plenas condições de exercer funções anteriormente exercidas por membros do sexo masculino. Há que se destacar que apesar da vida ativa profissional, não abandonaram suas funções enquanto filhas, mães, esposas,…; enfim, esta nova mulher deixa sua marca na sociedade como autora de sua própria história.
Maria da Graça Giordano de Aulicino 
Presidente Capep – Saúde, com formação de Pedagogia, Psicologia, Direito, Mestrado em Direitos Difusos e Coletivos.

A luta da mulher pela igualdade social e profissional é constante, mas hoje podemos dizer que somos protagonistas nos mais diversos cenários. A luta nunca acabará, e com todas as fragilidades que ainda possam existir, o caminho é sem volta e podemos afirmar que: a mulher está consolidada no mundo atual.
Silvana Barros
Empresária

A mulher conquistou sua liberdade, independência e seus direitos, criando sua própria identidade. Adquirimos uma posição na sociedade e uma igualdade que garante nosso espaço. A muito tempo saímos da posição de coadjuvante para a função de protagonista, mas sem perder o nosso charme e beleza.
Jussara Cintra
Coordenadora do Grupo Modeletes

Muitas mulheres não se dão conta da importância que tem na sociedade. Somos Nós que damos a vida, somos nós que amamentamos, somos nós que estamos ao lado dos nossos filhos nos primeiros passos e muitas vezes, somos as únicas responsáveis pela educação dos mesmos. Nós mulheres estamos diretamente ligada as mudanças sociais, pois através do modo como criamos nossos filhos, meninas ou meninos, podemos começar essa pequena mudança de valores, moral, honra, virtudes, tão difíceis de encontrar na sociedade atual. Podemos plantar uma sementinha nos pequenos corações que nos cercam, valorizando coisas simples como o respeito, a educação e o amor. Portanto, nós mulheres podemos fazer a diferença.
Bel Braga
Artista Plástica

Há quem diga que a mulher e o sexo frágil. De frágil não temos nada. Trabalhamos, estudamos e lutamos por nossos ideais com muita força e determinação e ainda conseguimos criar nossos filhos, cuidar de nossa de nossa casa e ser uma boa companheira. Frágil e apenas o nosso coração que se comove com um gesto de amor ou até mesmo com um sorriso.
Eliane Barroso
Rotary Santos