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- INVISÃVEL

Feliz (não sabia que hoje é seu) aniversário

Quanta gente foi salva por aquela notificação após o primeiro login do dia, indicando o aniversário de um parente distante ou amigo querido no Facebook? Caramba, é hoje, nem lembrava. Vou dar meus parabéns para ele ou ela não se chatear comigo depois.

Um feliz aniversário atrasado aparece na sua linha do tempo enquanto o narcisismo das redes sociais nos brinda com fotos seguidas pela legenda “parabéns pra mimâ€, numa ânsia incrível por atenção. A vaidade, realmente, é o pecado que o diabo mais gosta. Ele mesmo, o mochila de criança, o tranca-rua.

Com o passar dos anos e o bombardeamento de informações diárias, o que em outros tempos foi uma celebração ou um dia especial em nossas vidas agora beira a banalização típica desses estranhos tempos. Cumpre-se o protocolo de deixar aquele recado pela data natalícia no mural como quem bate o cartão na empresa ou olha para a tabela do fim de campeonato sem almejar nada além do fim da temporada e uma renovação de contrato – nesse caso, pode ser de uma amizade virtual.

Algum sociólogo deve ser capaz de explicar esse o fenômeno que banaliza as datas importantes, desde nossos antes tão esperados aniversários, chegando aos feriados que marcam importantes feitos de algum ser humano, moldando nossa sociedade. Parece até que eles já não fazem mais sentido (como se algo fizesse).

Tanta gente morreu, lutou e guerreou há décadas atrás para transformarmos suas lutas em meras desculpas para a embriaguez. Pouco importa se o feriado é religioso, cívico, referente a uma guerra ou coisa que o valha. A preocupação é restrita ao dia que cai o feriado para emendarmos uns dias na praia, viajarmos, enchermos a cara para um retorno ao serviço com uma ressaca improdutiva e repetitiva a cada novo final de semana.

Não é à toa que desconhecemos – quando não desprezamos – a História e nossas histórias. Nem é uma simples coincidência nossa desvalorização ao velho, ao antigo, aos idosos.

Já não faz tanto sentido celebrar a data em que nascemos, senão para um inflar de egos típico do século XXI ou fingirmos que nos importamos por aqueles que o celebram?

De que valeram tantas lutas por mais direitos e conquistas de outrora que fixamos em nossos calendários para nos recordarmos e não repetirmos atrocidades?

Pelo andar do mundo, nada mais faz sentido.

 

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