Quer seguir o que há de mais atual em exercício, dieta e cuidados pessoais? Simples: adote o estilo de vida da Idade da Pedra
Em pleno século XXI e no auge do desenvolvimento tecnológico, cientistas e estudiosos de esporte e nutrição dizem que o melhor que temos a fazer para ficar em forma física é treinar e comer como os caras que habitaram a terra há quase 2 milhões de anos.
Na atividade física, a ideia é se pendurar em árvores ou rolar tocos de madeira; para quem corre, a sugestão é aposentar o tênis ultratecnológico que custou uma grana preta e encarar a pista de pés no chão. Quer emagrecer? É só esvaziar sua geladeira de tudo o que vem em caixa. Entenda melhor como funciona esselifestyle paleolítico e saiba por que tanta gente está optando por esse retorno ao passado.
– TREINO NEANDERTAL –
Na Pré-História, o sucesso do homem em trazer o jantar para casa dependia de habilidades como agilidade, força, velocidade, coordenação e equilíbrio. Essas qualidades são justamente o que atrai hoje a turma cansada da maromba e que abandona a academia para se pendurar em árvores e pular tocos no chamado paleo training. Eles privilegiam exercícios inspirados nos mesmos padrões de aptidões físicas dos nossos antepassados, como arremessar objetos, escalar coisas, saltar e girar o corpo. O que, no fundo, é mais ou menos como o hoje famoso treinamento funcional. “Simulando situações reais, os exercícios cobram a ação do corpo do jeito que ele se comportaria naturalmente”, explica o preparador físico Luciano D’Elia, criador do método de treinamento funcional Core 360º e um dos pioneiros dessa modalidade no Brasil.
– A MESA DO PRIMATA –
Parece bizarro, mas a dieta mais pesquisada na internet em pleno século 21 reproduz o cardápio da Idade da Pedra Lascada. Um programa alimentar baseado na comida do homem de Neandertal liderou as buscas por dietas no Google no ano passado (segundo a Zeitgeist, lista dos assuntos mais procurados). Com milhões de seguidores, a dieta paleolítica (ou paleo diet) promete diminuir seu peso e afastar o risco de uma série de doenças, como câncer, diabetes, cardiopatias, obesidade, acne, miopia e até hemorroidas.
O segredo do regime formulado por Loren Cordain, médico e professor da Universidade do Colorado, nos EUA, é não ser complicado. Entra na dieta basicamente o que se comia na época em que o homem era nômade e ainda não plantava nem criava animais. O prato principal é a carne e também entram peixes e frutos do mar, ovos, frutas, legumes, sementes, nozes e óleos vegetais – proteínas são responsáveis por 20% a 35% das calorias diárias (contra 15% geralmente recomendado por nutricionistas). Ficam de fora leite e derivados, cereais, leguminosas como lentilha, soja e feijão, batata, amendoim, açúcar refinado, doces e comidas de pacote. “Uma teoria bem aceita nos meios científicos sustenta que a carne, por ter gordura, proteína e ferro facilmente metabolizados, contribuiu para o aumento de tamanho do nosso cérebro”, diz a arqueóloga Claudia Plens, professora de Arqueologia da Dieta e da Alimentação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Loren Cordain alardeia sua dieta como “a mais saudável do mundo”, mas segundo os especialistas ela sozinha não é capaz de blindar o corpo das doenças. “Falta de atividade física, estresse e outros maus hábitos ligados ao estilo de vida também contribuem para problemas cardíacos, obesidade e diabetes”, afirma a nutricionista Fúlvia Gomes Hazarabedian, da consultoria Bio Nutri, da rede de academias Bio Ritmo. Vendo por um prisma positivo, o lado bom de adotar a dieta paleolítica hoje é que você não vai precisar sair para caçar o seu almoço.
Abaixo, os alimentos recomendados, na coluna da esquerda e os não recomendados na direita.