Por Helinho Calfat
Numa época em que até as superproduções de James Bond ganham tons sombrios e violentos, uma fita de espionagem leve e espirituosa como O Agente da U.N.C.L.E pode parecer um tanto ultrapassada. No caso, porém, vale desconfiar dessa primeira impressão. O charme do filme se encontra justamente na maneira saborosa, sem um pingo de pretensão, como brinca com referencias pop dos anos 60. O visual extravagante e a atmosfera cool daquela década são atualizados com muito estilo pelo diretor inglês Guy Ritchie, o homem que transformou Robert Downey Jr. em um atrevido Sherlock Holmes.
Exibido entre 1964 e 1968, o seriado de TV tinha o dedo do escritor Ian Fleming (o “pai†do 007) e partia de uma premissa tão absurda quanto divertida: e se, em plena Guerra Fria, um agente secreto americano e um soviético decidissem unir forças na luta contra ameaças globais? Assim nasceram os “chapas†Napoleon Solo (interpretado por Henry Cavill) e Illya Kuryakin (papel de Armie Hammer). Na nova trama, eles são atraÃdos pela misteriosa Gaby Teller (Alicia Vikander), filha de um homem procurado pelos espiões por carregar uma mala com segredos atômicos. O roteiro é mero pretexto para sequências de ação beirando o nonsensee diálogos engraçadinhos escorados nas diferenças de temperamento entre os heróis. Enquanto Solo se revela mulherengo e desencanado, o russo Kuryakin dá conta de missões quase impossÃveis graças a um jeitão sisudo e metódico. Risco de colapso mundial? Sim, existe. Mas, para esses tipos antiquados e adoráveis, o ramo das intrigas internacionais era acima de tudo um deleite – ao menos na ficção, claro.
Fonte: Revista Veja São Paulo