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- INVISÃVEL

Como somos muito mais do que cromossomos

Nunca entendi muito de Biologia, suas regras, o que faz os cromossomos diferenciarem as mulheres dos homens.

Também nunca fui capaz de compreender os motivos que levam, em pleno século XXI, tantos “machões†ainda admitirem como normal um tratamento desigual, com salários menores para elas quando ocupam a mesma função que um homem, por exemplo.

Ou entender o que leva um cara, claramente com físico mais avantajado, a agredir a própria esposa ou namorada tendo como pano de fundo uma falsa impressão de que é ele quem manda, como se cada ser humano fosse propriedade de outro.

De todo meu coração, penso que por vezes o mundo entrou numa máquina do tempo descontrolada e alguns pensamentos atrasados ainda perduram por aqui.

Tenho amigos que se recusam a lavar louças e acreditam que ajudam em casa, quando não fazem nada mais do que a obrigação de cumprir sua parte na organização do lar como um todo.

Há outros que ainda veem na mulher um simples depósito de esperma como se lá não houvesse tanta humanidade como em todos nós. Certamente são os mesmos que verão nesse dia um absurdo por não existir uma data comemorativa para o homem e arrumam justificativas culpando a vítima por um estupro – isso quando ela não é conhecida, claro, já que nesses casos busca-se uma insana e inútil vingança.  

Evidente que há exageros na busca por menos opressão, como sempre acontece em um país com tantos analfabetos funcionais. Mas, ainda me espanto quando vejo gente capaz de peripécias com a tecnologia do celular, mas imune a entender que elas só querem a liberdade de viver a seu modo, sem que os julgamentos morais, religiosos e hipócritas virem lei ou gerem represálias.

Pouco me importam as postagens visando curtidas de ativistas de sofá, que almejam mudar o mundo, mas não querem ao menos arrumar o próprio quarto.

O que me preocupa mesmo é saber que após tantos avanços tecnológicos, ainda existam os que ditam regras na vida alheia e impedem a todos e a todas de ter as mesmas condições de alcançar o que se quer. Ainda há os que pensam na Amélia o único modelo aceitável para uma sociedade em que a informação gira o mundo em poucos segundos. E isso me espanta profundamente.

Que o dia de hoje sirva para uma reflexão quanto ao papel da mulher dentro e fora de casa. Que elas não sejam julgadas por transarem com fulano ou ciclano ou abandonadas com um filho no colo quando este for indesejado. Que elas passem a ser julgadas profissionalmente apenas e tão somente por sua competência, sem fatores externos.

E que um dia sejamos tão humanos que os dias sejam todos iguais.